Nunca é tarde
quando você chega
trazendo tua caixinha de surpresas,
se aconchega
onde quer que eu esteja,
dona de todas as minhas vontades.

O balançar
dos teus brincos de argolas
vai me atiçando,
me tirando da preguiça,
a caixinha vai se abrindo,
o teu vestido vai subindo,
é um primeiro feitiço
as tuas coxas roliças,
é um primeiro desejo
o gosto de jabuticaba madura
no teu beijo,
é o teu primeiro arrepio,
o passear dos meus dedos
pela tua calcinha.

Sempre há novas surpresas
dentro da tua caixinha,
às vezes,
retiradas na cama
às vezes retiradas
na mesa,
às vezes,
retiradas no balanço da varanda
em noites estreladas,
teus cabelos negros
brincando de açoites
no compasso da tua cavalgada,
outros tantos teus arrepios,
altares de oferendas,
perfumes e aromas,
convites para me perder
nos teus picos e fendas.

Então eu me perco
nas tuas torrentes,
nos teus jorros
de êxtases e espasmos,
para me encontrar,
para te encontrar,
nos nossos orgasmos.