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MORTO APAIXONADONão fazer amor com seu amor
traz a impressão do estar morto,
mas ninguém quer a morte.
O suicida mesmo
busca um orgasmo no seu ato,
deseja na língua da sua ruína,
uma consumação ardente
quer de sua consorte mortal
a concepção
de um estrago afetivo.
Não fazer amor com seu amor
desmorona o homem.
Ele está morto.
(O morto procura uma mulher pública,
mas ela nada valerá,
mesmo com suas graças de ofício.
A mulher pública não reinventa o amor
não retira o desejo de amar
do finado repelido).
O homem segue liquidado,
pois não fazer amor com seu amor
suscita uma coisa de morto:
algo que arrasa o peito,
algo estrábico, desfeito, torto,
e o homem mal desconfia,
ainda assim é casco.
O morto quer, pelo menos,
dizer à causa do seu arraso:
- Eu quis você nua
para uma paixão intensa;
paixão em sua forma básica,
crua!
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