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COMPROVAÇÕESO amor entre um casal
quando termina enfim,
logo aceita à mágoa.
A mágoa,
cruel, lenta e crescente.
Tão longe do ódio que descarrega,
tão longe da suprema ironia
que está a um passo do esquecimento
ou daquela pena esporádica
que fecha o ciclo.
Mas é a mágoa o ser imenso,
a curvatura do planeta,
medonha,
sensação mais próxima
do centro do labirinto.
E o que fazer então
para chegar ao ódio
(ódio em um registro
definindo tudo:
filhos em algum lugar,
vida que segue).
quando é a mágoa antes
que traz o desgosto
pelo tempo perdido;
acredita no riso movediço
de quem se ama
quando, na verdade, o outro
mexe-se no fundo
do seu rio caudaloso de desprezo.
Mágoa pelo ridículo,
de quase ter parido
outro ser horrendo,
reatamento,
sem saber que o ódio que virá
será lindo e atuante,
ator em um palco onde flores abrasarão.
A mágoa tenta falar,
ela não sabe
porque sempre falava por dois:
não queremos, não compraremos,
nós temos, nós iremos.
Como mudar agora
depois da união
ou da cerimônia?
É melhor se calar,
com o tempo algo sempre ocorre:
o disparo da audácia,
a intuição do desfecho,
o primeiro lance redentor,
a menção:
“Para mim, nada existiu!”
do livro: As sondas amam
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