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NO MEIO DE UM DOMINGO DE SOL

É domingo. O sol brilha.
O velho chega a feira do bairro.
É domingo
e ele passa ao lado
do grande pátio.
É o piso da antiga fábrica.
Está trancada,
vazia.
Antes havia operários
O velho lembra de capacetes brilhantes.
Antes acabou
e o velho lembra porque está ali
e isto acalma.
Hoje é domingo de feira.
O sol brilha na cidade de Guarulhos.
Tudo é acessível,
O velho pensa em seu dia
e caminha.
Chega a feira no fim da rua.
A feira acontece
porque ele envelheceu
para examinar barracas:
as tangerinas à direita;
mais à frente, há peixes,
(o gelo faísca)
e também os ovos vermelhos às dez da manhã,
quando então o velho refaz seus setenta anos.
Encontra outros idosos
no ambiente ensolarado,
de cabeças calvas que surgirão,
como aquele pátio vazio
como os antigos capacetes.
(Talvez as cabeças lisas
trabalhassem na fábrica fechada.
Não importa estão vivas).
O velho compra muitas frutas e sal.
Come um pastel dourado,
do ouro que vem das cebolas.
Ele sai da feira
e sente um equilíbrio apenas em andar.
Entra no botequim,
pede uma cerveja gelada e longe vislumbra:
os aviões saídos de Cumbica
são os losangos dos azulejos na parede do bar
e assim tudo pousa em sua vida.
Tudo neste domingo de sol,
tão decididos estamos agora.
O velho retorna para casa
É meio-dia.
Passa outra vez ao lado
da remota manufatura
e admira novamente a entrada.
O grande pátio parece um rio.
O piso resplandece,
que assim permaneça, amém.

Todos os domingos alguém nasce
sob o arco coruscante da maturidade.
Alguém começa a rir.

DO LIVRO:A CIDADE POSSÍVEL

 
   
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