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AQUI SE MORRE DE CÂNCERAqui se morre de câncer,
até as velinhas de aniversários caem
com o cancro do pavio.
mas, se repararmos,
nem tudo é furo e tumor.
Ostras não têm câncer;
labirintos perderam o inchaço
e cristais de gelo formam o hexagonal
não o furúnculo.
E se reparamos melhor:
zigotos estão além dos abscessos
assim como a língua dos tamanduás,
não perdem tempo
para os carcinomas,
(eles não se espalham pelo mundo como formigas).
E os ciclopes, principalmente eles,
- vivos em histórias infantis -
perderam um olho,
mas não viram qualquer ulceração
na retina que sobrou.
As crianças riem.
Aqui se morre de câncer,
mas nem tudo é furo e tumor.
Uma bola de gude
que antes de um caroço se chama também
pirosca, bugalho, boleba, bolega e carolo,
bate no calombo
e dali não sai sequer um eco.
O tumor não brinca,
nem chega ao círculo do jogo.
Para que se preocupar?
Aqui se morre de câncer,
mas há tantas variantes para o consolo, amigo.
O doente mesmo pode comer antes
abóboras
frutos das aboboeiras.
São quase edemas,
mas se mantém no limite do bago.
Do livro:" A criança, substantivo sobrecomum"
phcfontenelle@gmail.com
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