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SOMOS ÚNICOS

O que consigo preservar ao viver? Guardo quantos segredos? Quantas mentiras escuto? Quantas listas de prioridades faço por ano? Quantas pessoas acreditam em mim? Quantas palavras repito dia após dia? Quantas vezes perco minha personalidade e me transformo em personagem? Quantas vezes rompo com a paz? Quantas vezes ouço desaforos e permaneço em silêncio? O que escondo do passado, quando fujo do aconchego? Quantas vezes meu consolo não passa de ilusão? Pablo Neruda indaga, “Florescem as plantas dos sonhos / e amadurecem seus frutos?”.
As histórias que vivo parecem alheias ao meu mundo. Por vezes, consigo alcançar a essência de maneira a sentir como minha. Outras são apenas ilusões e esperanças de que o amanhã seja tocante e surpreendente. Nas palavras de Carmen Presotto, “Liberta / morro / Lúcida / sofro // Louca em minha agonia / Reviro momentos para viver”.
O dia perpassa pensamentos repletos de dúvidas, na sensação de que vivo entre o bem e o mal, o confiável e o inconfiável, a justiça e a injustiça. Não sei explicar como aguento os fatos inventados, que os absurdos permanecem em cada ação e palavras ditas como inverdades.
A “verdade deles” prevalece na força de trajetória que não tem volta e apenas reviravolta as minhas perspectivas. As atitudes que levam à desigualdade social diminuem a certeza e aumentam a vulnerabilidade social, impedindo agir de forma a possibilitar a vida num mundo melhor. Para Álvaro Pacheco, “... Tenho os pés presos no ar / meu coração se desgasta: / sou livre no meu destino / de perder-me ou dizer basta”.
Mesmo assim, busco evoluir entre a insegurança e os problemas, porque sou única.

 
   
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