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ROTULARAo perceber algo ou alguém diferente, logo você o rotula ciente de que poderá melhorar ou mudar tal conceituação. É a pior atitude por que antes de rotular é preciso conhecer a história de cada um e contextualizar o fato de acordo com a trajetória percorrida. Luiz Coronel demonstra, “... Minhas virtudes / são um gato / que se esconde no telhado / ou sob a cama. // Dele mais sei / pelo miado / do que pela presença”.
Acredito ser difícil de falar sobre o assunto com você, que não consegue se libertar dos rótulos, como desejos reprimidos e verdades impostas em tantas ocasiões, que o leva a essa atitude estranha de rotular o diferente. Ainda nas palavras de Luiz Coronel, “... O que a mão direita rege, / a mão esquerda destoa. / E como choram teus olhos / enquanto a boca caçoa...”
Em certo momento, pergunto por que você rotula as pessoas, maquia as declarações, acredita ser a mentira, verdade? Você se deixa influenciar pela aparência e pelo bom tom? Isso é idiotice completa!! A referência o leva as palavras que estão em vigência, de acordo com a época e com o fato, por que deve investir o seu tempo na apuração da informação, para evitar o pior: rotular em pré-conceito.
Primeiro não há problema algum em as pessoas demonstrarem o que realmente são como, por exemplo, Carmen Miranda, que ficou conhecida “como se a própria Carmen Miranda fosse a Lapa: católica de dia; boêmia à noite”. Ela que se consagrou cantando sambas de Vicente Paiva e Caymmi.
Segundo que a fofoca vinda de lá para cá é que resulta no rótulo. Mas, você deve se importar com a formação da opinião como registro sobre o fato. Infelizmente, noto que é através da comparação que você escolhe a quem e o que rotular. Certamente, depois de pensar na sua essência que resiste ao tempo e nele encontra as diferenças.
Além disso, rotular significa não olhar nos olhos e não tentar entender o que o outro deseja. Sua atitude de distanciamento fica a mercê do seu olhar para com o outro, como julgamento. Você que não tem referência e não admite, em qualquer esfera, que a atitude certa seria dizer a verdade, sem julgar ou rotular. Segundo Luiz Coronel, “... Que se há de fazer / se em teu olhar há chamas / e em cada gesto / vertiginosas danças?...”
Terceiro, ao rotular você corre o risco de buscar nos personagens desafios para todas as horas, como demonstram Débora Bloch, que encantou o público representando “Verônica” da avenida Brasil, Carmen Miranda cantando “O que é que a Baiana tem?”, Grande Otelo em Macunaíma, e o Auto da Compadecida de Ariano Suassuna. Como rotular os atores? Essa obsessão que você tem em rotular os diferentes traz o pior cenário para o nosso viver e, ainda, soa como ameaça aos talentos, porque vulgariza a memória e a história de cada um. Luiz Coronel reflete que “... A realidade modelou / não o rosto, / e sim uma grotesca / caricatura...”
Sei o significado da rotulação e o quanto atrapalha no desempenho das pessoas e na ausência do sonho. Vitor Hugo perpetua em palavras, “Julgaríamos com muito mais certeza um homem pelo que sonha do que pelo que pensa”.
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