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FRANCESCO PETRARCA - o poeta que virou um estilo de fazer poesia Francesco Petrarca, o poeta italiano nascido em 20 de julho de 1304, foi tão imitado e tão determinante para a poesia de seu tempo, que chegou a dar nome a um estilo: o petrarquismo – especialmente influente no século XVI, estendendo seus preceitos até a península ibérica, França e Inglaterra. No bojo dessa influência, que pôde ser sentida até meados do século XX, estavam o soneto – forma fixa com duas quadras e dois tercetos, com esquema de rimas muito particular, criado por Petrarca – o lirismo platônico do amor impossível e o uso de antíteses para expressar os sentimentos, o que influenciou a poesia barroca e pré-romântica.
Por tudo isso, Petrarca já figuraria como um nome basilar da poesia universal, mas há um detalhe na biografia poeta que definiu sua poesia: a paixão por Laura de Noves, tema central de seu “Canzioniere” (Cancioneiro), obra-prima composta de 317 sonetos e 29 canções. Laura, dama casada que o poeta conheceu em 1327, passou para a história da literatura como a primeira musa – que seria sucedida pela Beatriz de Dante, pela Dark Lady de Shakespeare, pela Marília de Dirceu, pela Matilde de Neruda e tantas outras. Ela reuniu, no imaginário do poeta, todos os seus amores de antes e depois.
Petrarca passou a juventude em Avignon (França), então sede do papado, depois de passar por algumas das principais cidades da época – Pisa, Provença, Montpellier e Bolonha – onde estudou três anos na renomada universidade. Abraçou a carreira eclesiástica e passou a se dedicar ao estudo das letras. Protegido pelos papas, viajou por toda a Europa pesquisando e copiando manuscritos antigos, como as obras de Cícero, Horácio e Virgílio.
O poeta, que imaginava ser lembrado por sua obra em latim – de cunho épico, como o poema inacabado “África” e filosófico, como suas cartas e éclogas – passou para a história como poeta lírico, que teve seus grandes êxitos na emergente língua italiana. Ficou famoso ainda em vida, chegando a receber a coroa de louros por sua obra poética em Roma, em 1341. Por várias vezes, foi encarregado de missões diplomáticas, em que buscava a união dos Estados italianos, e defendeu a volta do papado para Roma. Após a morte de Laura, em 1348, escreveu a segunda parte do “Canzioniere”. Seu último livro é o alegórico “I Trionfi”.
Em 18 de julho de 1374, pouco antes de completar 70 anos, faleceu em sua pequena casa de campo em Arquà, nas proximidades de Pádua – ao que consta, com a cabeça recostada em um livro de Virgílio.
(Parte da coletânea "Histórias de poetas" de William Mendonça. Direitos reservados)
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