|
EMILY DICKINSON - A poetisa reclusa O dom da poesia - é sabido - não privilegia nenhum sexo. Tanto homens quanto mulheres têm a capacidade, quase uma centelha divina, de expressar sentimentos e idéias nos versos, uma prática que acompanha a humanidade há milhares de anos. No entanto, em qualquer compêndio de literatura as mulheres estão em menor número - fruto da situação de submissão a que foram relegadas na sociedade ocidental nos últimos séculos. Devido a esse preconceito, à falta de espaço, até mesmo a zombaria dos meios acadêmicos, muitas poetisas talentosas sequer chegaram a publicar seus poemas.
Mas o tempo, muitas vezes, devolve à luz da Justiça esses nomes que pareciam esquecidos. É o caso claro da poetisa americana Emily Dickinson, nascida em 10 de dezembro de 1830 na cidade de Amherst, Massachusetts. Sem dúvida, uma das maiores poetisas de todos os tempos, com uma sensibilidade apurada, Emily foi criada no ambiente puritano da Nova Inglaterra. Nunca se casou e apenas três vezes saiu de sua cidade natal, para pequenas viagens. Praticamente não sofreu influências de gêneros ou estilos poéticos - produziu uma obra original.
Desde os dezoito anos, Emily dava vazão aos seus sentimentos em versos mas só dez anos depois, em 1858, decidiu reunir os poemas em pequenos volumes manuscritos. Muito do que tinha escrito até ali era uma forma de sublimação de uma paixão proibida, por um homem casado, com quem Emily não se deixou envolver graças aos sua formação puritana. Até 1866, produziu ardentemente.
Em 1862, quando sua produção tinha atingido o auge, Emily tomou coragem, reuniu quatro poemas e os enviou a um crítico literário. Este, do alto da falta de sensibilidade que sempre caracterizou os críticos, desaconselhou Emily a publicar seus poemas - mesmo reconhecendo suas originalidades métricas. O crítico acreditava que os poemas não teriam aceitação pública. Por conta disso, Emily, com sua personalidade retraída, nunca publicou seus poemas. Somente após a sua morte, que ocorreu em 15 de maio de 1886, sua irmã descobriu os numerosos manuscritos, com centenas de poemas, publicando “Poems by Emily Dickinson” (1890).
Ao contrário do que previra o crítico, os poemas de Emily Dickinson tiveram aceitação imediata e a transformaram em um dos maiores nomes da literatura mundial.
(Parte da coletânea "História de Poetas". Publicado no jornal A VOZ DE MARAMBAIA. Publicado no site www.williammendonca.com em 15/09/2008.)
|
|