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ANJOS Por: Andrade Jorge
Anjos reluzentes que perderam asas
Vagueiam mundo afora
Anjos reluzentes, anjos perdidos,
Candura dissimulada
Anjos de todos os dias
Nos becos sem saída
Nas sarjetas, na lama da humanidade
Desorientados, alimentados por satã
Fé espúria, canto desafinado,
Aleluia! Aleluia! Apocalipse de São João.
Serafins, Querubins
Miguel, Gabriel, Rafael,
Lúcifer, estrela da manhã!
Salvem os meninos anjos-maus
Que permeiam esse mundo invisível,
Passam mas ninguém vê
Respiram mas ninguém sente
Restos de mim, restos de você,
Restos da consciência hipócrita
Sobra do nosso imperfeito,
Em cada anjo sem asa
A brisa desliza, desvia
A água da chuva não molha,
É pária da podridão que curtimos,
São reluzentes
inocentes
indecentes
São doutores analfabetos,
Anjos, anjos sem asas!
O mundo os sentencia
Cadê o deus dos cínicos?
Aonde estão suas casas?
padres, pastores, rabinos, zeladores de santo
Aonde estão os seus anjos sem asas?
Deus olhai-me!
Escrito em: 28/10/15
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