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EU RECORDO COM CARINHO EU RECORDO COM CARINHO
Quando pequenina, inda me lembro tudo
Que se passou na minha meninice!...
Me olhando com um olhar cor de veludo
A minha avó me aconselhando disse:
-“Segue a estrada do bem; olha que é mudo
O clamor do destino e a parvoíce
Dos homens que é banal; eu não te iludo!
Segue estas frases cheias de meiguice...”
“Um dia hei de morrer e então sem mim,
Tu hás de palmilhar o teu caminho
Pela estrada da dor, alegria, enfim...
Mas Deus retirará todo o espinho.”
Pareço hoje ouvir daquela criatura
Os santos conselhos que me dera um dia;
Recordo agora com muita ternura!
- a sua lembrança me faz companhia.
Infante, imaginei ver-te velhinha,
E, eu, já crescida, te amparar na idade;
A mão trêmula e murcha, presa à minha...
Meu Deus! Como era grande essa felicidade!
E quando cerro os olhos num suave enleio,
Revejo o teu semblante, a fronte franzina...
Uma saudade imensa invade meu seio,
- era avó – e morta, era menina!
Francisco de Assis Silva
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