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DESESPERO-ESPERANÇA (O GRITO) Querer... e não ver estrelas,
ponto de luz nas trevas,
cacos incertos de vida acima do asfalto,
enigma do eterno
e da esperança.
Olhar a rua que passa
e ver o mundo caminhar
do outro lado da calçada.
Andar à beira do asfalto,
andar à beira de si,
chutar a lata de lixo
e espalhar sentimentos.
Trancar-se na escuridão do quarto,
devorando incertezas.
Esperar que o peito,
dilacerado,
possa levar aos caminhos,
ao coração.
Em luta, relutar...
Sonhar, não sonhar,
viver, não viver,
se tudo acabar,
nada a perder.
Abrir porta e janela,
deixar entrar a brisa
e esperar... esperar...
Só resta o grito,
como aquele de Munch,
muito bem gritado.
Zildo Gallo - Americana, SP, 25 de setembro de 1983.
Homenagem a Edvard Munch (1863-1944), pintor norueguês.
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