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GALPÃO DA AMIZADE

Buenas vivente!
De onde vem tão cansado?
De apeia do pingo
E deixa ai na mangueira ao lado.

Te aprochega ao galpão da amizade
Temos churrasco e bom chimarrão
Temos a chama criola
Sempre acesa em nosso coração.
Seja para um gaúcho gaudério
Um forasteiro, estrangeiro
Para nós...
Cada um que chega é um novo irmão.

O velho apeia do pingo
Foi se chegando devagarzito
Tinha o rosto cansado
E o olhar parecia aflito
Sentou-se no banco perto do fogo
Porque o frio lá fora era gelado
E o minuano assobiava debochado.
Passado algum tempo
Depois de sorver um amargo
O velho gaudério começou a falar
Que andava fugindo dos pagos
E enquanto ia falando
Seu rosto empalideceu!
Lágrimas teimosa
Por sua face enrugada desceu.
E com a voz rouca sufoca
Sua história foi contando.
Falou que sua filha
Uma guria de onze anos de idade
Sofreu uma crueldade
Pois um cabra bandido
Adentrou em seu rancho escondido
Violentou a pobre da guria ainda criança
Depois deu dois tiros em seu ouvido
E deixou o corpo ali estendido.
Ele quando tomou conhecimento
Do triste fato ocorrido
Ficou como louco
Atrás do desconhecido
Percorreu léguas e léguas
Pedindo informação
Até que encontrou o cruel
E com um só tiro
Fez o tal sujeito ir para o chão.

O velho não pode mais conter
O pranto no peito sufocado
Nervoso tremia a mão
Que segura à cuia do chimarrão.
Procurei acalmá-lo então.
Pois te falo meu amigo
Se fosse com minha filha
Não teria dó nem piedade
Iria também lavar com sangue
Minha honra, desdita por tanta maldade.
O velho já quase desmaiando
Contou o resto do fato ocorrido
Ele matou um inocente
O irmão gêmeo do bandido.
E ainda o assassino desgraçado
De vingança colocou fogo no rancho do velho
Tchê... Arrepiei-me de tanta barbaridade!
Falei então para o velho
Descansa por aqui no galpão da amizade
Vamos clamar por justiça
Com deus...
E aqui na terra com o delegado
Que tem o poder, a autoridade
E que no banco dos réus
Se faça valer a verdade.
Também peço a Deus clemencia
Por teu jesto enlouquecido
Pois tu também serás jugado
Por errares de bandido
Mas terás sempre aqui um amigo
A te acolher com sinceridade
Pois afinal aqui chegaste
E aqui é...
O nosso galpão da amizade.

 
   
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