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Márcia (Feche os olhos e sorria para as flores)MÁRCIA
(Feche os olhos e sorria para as flores)
Márcia
quisera eu poder enxergar
tão profundo como você!
Tenho os meus olhos abertos,
mas pouco enxergo
e nada vejo.
Os seus olhos enxergam belezas
que eu não consigo ver.
Mesmo você não enxergando,
normalmente,
vê coisas maravilhosas
reproduzidas pela sua fala.
Eu, no entanto,
pouco consigo reproduzir
pela minha fala
o que vejo,
pois só!...
Vejo imagens ululantes
dançando em frente aos meus olhos,
mas não consigo ver
o desenho espiritual delas,
que só você consegue.
Aquele brilho
que excede à forma das imagens
e que você diz ser tão presente,
eu não consigo vislumbrar.
Vejo imagens perfeitas,
imperfeitas,
coerentes ou não,
belas ou feias
de acordo com a minha convicção,
mas só pelo lado externo.
E o lado externo das pessoas
para mim não diz nada!
O interior de qualquer pessoa
não salta aos meus olhares,
sendo essa
a grande dificuldade
que sinto ao avaliar
de forma correta
o valor de cada um de meus semelhantes.
Fico imaginando os juízes,
os julgadores,
será que eles enxergam
as diferenças entre o sim e o não?...
Quando as pessoas
me olham de frente
sorriem para mim.
E eu vejo
no sorriso das pessoas
somente aquilo que eu posso enxergar,
nem mais nem menos!
Quando me olham de costas
seus sorrisos se esvaem
e eu consigo isso sentir.
Sinto,
mas não consigo enxergar
é por isso que nada vejo
e, portanto, não posso julgar,
nem ao menos avaliar
cada uma dessas pessoas.
Aceito no entanto
a minha cegueira espiritual,
mesmo tendo
os meus olhos abertos.
Creio Márcia
que você consegue ver mais belezas,
mesmo tendo os seus olhos sem brilho,
do que todos nós juntos
de olhos abertos,
mas de corações fechados.
Com exceção, no entanto,
de quem fecha os olhos
e sorri para as flores!
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