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EMPATIA

Rosto esquálido, cabelos longos, barba por fazer,

olhos estáticos, sem vida, a desfalecer,

corpo machucado, dolorido pela insônia,

espírito desalentado, desunificado de forma errônea.

Já teve sonhos e desejos no seu viver,

de vencedor à derrotado agora jaz,

a sua força e energia foi morrer,

pelo desencanto inclemente que não é fugaz.

Desditoso homem,

que esqueceu de viver,

de amar, de sentir,

entronizou o sofrer,

que o fez desistir!

Acalentou a desesperança,

que lhe trouxe o prostrar,

a amargura que lhe alcança,

fez sua alma chorar!

Coração em flagelo,

sentimentos castigados,

seu trilhar não é mais belo,

seus desejos são sepultados!

Abraçado à solidão,

em desespero silente,

aceitou a rendição,

pela apatia plangente!

A mente em melancolia,

num viver morrediço;

pensamentos em agonia,

pelo desencanto inteiriço!

Sorumbático olhar,

visualizando desilusões,

com a vontade a quebrantar,

pela conquista de aflições!

Tétricas imagens,

divagando o seu tempo,

desflorido por miragens,

que instigam o seu tormento!

Naquele corpo oprimido,

naquela alma dilacerada,

o desatino é consumido,

pela negatividade ostentada!

O fim parecia iminente,

naquela vida soçobrada,

as trevas estavam presentes;

a morte já era avistada!

Realidade desditosa,

em que o fel era provado;

lenta morte afrontosa,

pelo desamor que foi coroado!

- Era dia de Natal, uma data que significa a celebração da esperança. E qual o real motivo para que este homem , diante de sua renúncia para a vida, se apropriasse de dores tão profundas, numa data tão auspiciosa?

- Num passado não tão distante, em que primícias em devaneios acalentavam a inspiração, o amor desponta entre dois enamorados, produzindo eminente sentimento de ventura, e de sensações maravilhosas às quais promovem a união sacramental pelo casamento. Aliança que se consome por carinhos, beijos e afagos. Afetuosidades que parecem eternizadas pela semente do amor sacrossanto. Querência sublime que se completa pela felicidade de dois corações apaixonados. Vidas em junção que trilham um caminho perfumado pelas flores das estações. Tudo parecia caminhar bem, quando, como se fosse a maldição dos sete anos, o tempo vai mostrando a implacável rotina das desilusões, em carícias que se arrefecem, intolerâncias que se elevam em altercações intermitentes. Tempo, tempo, tempo, que põe em prova o verdadeiro amor. A vida do casal prossegue com as aparências superficiais e especiosas, em que amigos os veem como um amável casal, em que o amor é o liame que os conduzem juntos. A realidade, que infelizmente era contrária, oferece a discórdia em seu cotidiano!

Espíritos beligerantes, explodindo desamor

desarmonia num átimo, produzindo grande dor.

Angústia refletindo insegurança e receios,

incompreensão permitindo o findar dos desejos.

Medos e frustrações,

ancoram a apatia,

desvanecem emoções,

subtraem a alegria!

A vida nos ensina,

que aprendemos com o fracasso,

quiçá, nem seja sina,

são nossos erros pascácios.

Teatro de ilusões,

a mostrar fragilidades!

Inerentes imperfeições,

prostrando nossas vaidades!

Ensaio estertorante,

em almas aplacadas!

Espetáculo lancinante,

nas incertezas convidadas!

Atores em introspecção,

atormentados por suas dores!

Neuroses em reflexão,

com suas dúvidas e temores!

- Incongruências maritais pelo ciúme doentio, que trazem carências afetivas, e subtração de sentimentos que deveriam coexistir em reciprocidade, alavancam o vicejar das decepções do casal para o divórcio realizado, o que deveras, arrasou aquele desventurado homem.

A lágrima que verte, fazendo o perguntar,

se ele merecia este triste chorar.

Desavenças em seu lar lhe tirando o sentido,

nesse seu caminhar inseguro e aflitivo.

Desencanto no olhar usurpando a beleza,

confundindo sua tolerância com a trágica fraqueza.

Foi o ciúme doentio criando a possessão,

dispersando o partilhar suprimindo a razão.

Contristados corações,

maculando sentimentos,

conhecendo novas emoções,

que ressurtirão fragmentos!

Oh! Quantas desilusões,

com sonhos despedaçados,

em que seres em aflições,

vão vivendo amargurados!

Tenebrosa solidão,

em almas repartidas,

encontraram a decepção,

e a inspiração destituída!

- E esta foi a razão que fez com que para aquele homem, viessem as suas novas e lúgubres companhias: a solidão, o desalento e o desespero!

Mas quando amanheceu,

na aurora de um novo dia,

algo de espetacular aconteceu,

modificando a vida que sofria!

- E assim sucedeu-se naquele dia de Natal:

Estava aquele ser desconsolado,

na quietude da letargia,

quando um ruído inusitado,

fez disparar a campainha!

Ele trôpego abriu a porta,

e avistou uma criança,

que lhe pediu em confiança,

breve atenção como resposta!

Aquela castidade em afeto,

disse-lhe que sentia fome;

que seguiu o rumo certo,

para ajudar um deprimido homem!

Naquele doce olhar angelical,

adornado de luz rutilante,

a pureza em aura era celestial,

a revelar ternura deslumbrante!

Aquele homem agoniado,

mortificado pela sua dor,

viu na mãozinha um papel dobrado,

naquele anjo encantador!

- Perguntou-lhe o que era aquilo, e a meiga inocência disse-lhe, que o

que segurava, haviam-lhe confiado para entregar a alguém que abrisse

a porta. Ele ressaltou que agora morava sozinho, e manifestou interesse

em ler. E aquela graciosa candura de criança, entregou o papel que

segurava àquele atormentado homem.

Aquela alma mortiça,

que vivenciava o infortúnio,

com a inspiração quebradiça,

sem ter motivo pra orgulho!

Oh! Infelicidade!

Que edifica a morte!

Que arranca da vida suas vontades!

Que põe o fel em sua sorte!

Oh! Tristeza!

Que entreabre a escuridão!

Sepulta sonhos de grandeza!

Castiga a alma e o coração!

- Assim, no luzente Natal, aquele homem leu as cinco frases escritas, que se destacavam salientes:

- Ainda que sintas perdido e sem forças, lembre que

cada dia pode ser o início de algo maravilhoso! "

- As escolhas que você faz em sua vida, decidirão o seu

caminho, o seu destino!"

- Saber lidar com as frustrações é o grande

desafio da vida! "

- As lágrimas são as últimas palavras quando o coração

perde a voz; se viver é sofrer; o sobreviver é achar

significado no próprio sofrimento! "

- Se todos os conflitos se iniciam no interior de todos nós;

nós é que determinamos o que somos pelo que fazemos! "

- Naquele abençoado dia de Natal, em que o canto dos pardais soava como uma melodia harmoniosa; em que o sol auspicioso resplandecia, emitindo fúlgidos raios que cingiam a placidez; uma aprazível brisa envolveu o seu corpo; uma clarividência tomou posse de sua alma; um despertar de autoconhecimento em uma reestruturação cognitiva, fez com que aquele contristado homem, pudesse sentir galvanizante energia insólita em seu âmago. Seus pensamentos irromperam-se lúcidos, convergindo para um discernimento, em que a obscuridade tornou-se compreendida. Avivou-se um entendimento perceptivo, em que o amor-próprio e autoestima, que haviam sido subtraídos, entreabriram-se recrudescidos pelo nitente sentimento, que soterrou o medo, a insegurança, a culpa, o desvigor, o autodestruir, e que agora, como de forma mágica e abençoada, aspirava e magnetizava uma nova perspectiva de vida. Num átimo o que parecia complicado, confuso e insolúvel, transmudou-se para algo compreensível.

Discernimento em percepção,

harmonizando corpo, mente e alma,

a segurança em sensação,

derribam as dores de tristes traumas.

Você é seu destino,

nesta aventura do viver,

a mente decidindo,

sua derrota ou o vencer.

A vida em odisseia,

como barco no oceano,

tormentas deletérias,

confiança as suplantando.

Pensamentos positivos,

vão fazer você crescer,

seu esforço faz sentido,

belos frutos irás colher.

- O entorpecimento de outrora, com pensamentos mórbidos em desistência da vida, o comportamento resignado de autodestruição, dissipava-se paulatinamente, e um brilho de esperança em resiliência no olhar daquele alquebrado homem, ressurgiu como o sublime sentimento que aflora nos corações de quem ama!

Ah! Felicidade!

Que rutila esperanças!

Traz alento e vivacidade!

Faz nos sentir uma criança!

Ah! Intangível alegria!

Que fecunda ígneos desejos!

Galvaniza sentimentos em harmonia,

irradiando o amor com a ventura em festejo.

- De repente, aquele homem transtornado, sentindo o espírito do Natal, sorriu para aquela carismática e doce criança; lembrou-se de que aquele anjo, havia dito que estava com fome, e disse-lhe: vou trazer-lhe algo para saciar a sua fome! A bondosa criança pôs-se a rir, e explicou-lhe que a fome que havia dito, significa uma figura de linguagem, uma metáfora, em que a fome que tem é de saborear, espargir e despertar a ventura, a esperança, o amor, a vontade para a vida em corações desiludidos e desesperançados.

Venha! Me dê a sua mão!

Levante-se do chão!

Você não está sozinho!

Sou o amor em teu caminho!

Não fique quebrantado!

Não sinta-se culpado!

Viver são imperfeições,

fraquejando corações!

A fome que havia dito é o desejo ardente de saciar e irradiar pelo sentimento fraterno e solidário, o propagar do otimismo, pela busca da felicidade, que é transitória e fugaz, mas que se encontra na mente de cada um, pois, felicidade é um estado de espírito; é se apossar de pensamento positivos em que o entusiasmo possa trazer belas sensações e emoções em deleite; é aproveitar os bons momentos que a vida oferece e vivê-los intensamente de forma harmoniosa e grata. A fome que havia dito, é a vontade de degustar em olhares antes sombrios, arruinados e derrotados, a centelha, o ardor, o estímulo para o recomeçar, com a realização de seus ideais, de seus sonhos, anseios e desejos, através da determinação como escolha, para suplantar os obstáculos, decepções e dificuldades de cada dia, construindo um novo amanhã, mais evoluído espiritualmente, e alicerçado pela confiança, perseverança e respeito à dádiva que é a vida! E disse aquele magnificente anjo, com sua voz maviosa e pueril, claro que para tudo isso se realizar é muito difícil, pois do contrário, seria sem graça!

A fome em vontade,

do arauto anjo generoso,

é prova que a bondade,

é nosso tesouro mais valioso!

Fluente caridade,

estabelecendo brandura,

exibindo vontade,

dizimando amargura.

- Sim, disse aquele revigorado homem, quando de repente o telefone da residência toca, ele educadamente pede licença para atendê-lo, e nota que fora engano. Ao chegar novamente na porta, repara que aquela virtuosa e encantadora criança, não mais se encontra, com seus olhos ele ainda a procura, e seu olhar sobe ligeiramente para o céu, e surpreendentemente, observa uma luz a subir vagarosamente até não poder ser mais observada, diante da infinitude do firmamento. Nisso, duas lágrimas rolaram pela sua face, a mostrar a emoção e a gratidão por este bálsamo momento, em que a fé e a esperança estavam renascidas!

Minha cruz é tão pesada,

que dá vontade de desistir;

olho para trás e vejo sendo carregadas,

cruzes mais pesadas pelo persistir!

Viver é deveras difícil,

pelo sofrimento inerente,

mas a perseverança é indício,

da vontade de seguir em frente!

A vida é bondade,

nascida da compaixão,

o amor em fraternidade,

é ter Deus no coração!

Pratiques o bem,

e serás abençoado;

não prejudiques ninguém,

para não seres desonrado!

Amaldiçoada ganância,

que não suporta o repartir!

A vida em consonância,

é caridade a interagir!

A vida em humildade,

revela candura;

o fogo de vaidades,

semeia desventura!

Muitíssimos são os que amam,

pouquíssimos os que sabem amar;

milhões de casais no mundo reclamam,

contumazes traições que trazem o odiar!

Ninguém está satisfeito,

com a vida que tem;

o lamento é perfeito,

para a ignorância em desdém!

O que é o viver,

senão um pulsar de mistérios,

com o agora a prescrever,

verdades sem critérios!

Na quietude do tempo,

em que a vida é passagem;

somos partículas do vento,

no paraíso em hospedagem!

A vida é uma chuva passageira,

que se evapora ao cair;

a vida é uma impiedosa mensageira,

de que um dia todos nós vamos partir!

Natal, tempo de nascer, brotar, fazer crescer,

o sentimento de amor, de paz e fraternidade,

é hora de somar, multiplicar o reconhecer,

incutindo aos homens, o espírito de irmandade.

A vida é esta luta incessante, com

a perseverança em nosso coração;

não se prostrar em nenhum instante,

acreditar sempre com Deus em devoção!

Natal, tempo de esperanças;

de suplantar infortúnios

entronizando a serenidade;

semear a fé, firmando otimismo

e bonança; aprendendo com as

provações que fixam a humildade!

Viver é um risco constante, nesta

passagem de ilusões; sua mente é

guia muito importante, para transpor

obstáculos e desilusões!

 
   
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