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InsurgênciaMe olho no espelho e não mais me reconheço!
Fiz planos, estabeleci metas, abracei ilusões...,
e muito me sustentei na fragilidade do viver,
mas muita coisa ficou no éter: se perdeu!, me perdi!
Estou, agora, tentando chegar a algum lugar
para afogar meu desespero existencial!
Amorfo, mas coeso na sua mais pura essência,
em nada é sabático, esse passar existencial –
se não me falha a memória ou me trai a ciência.
E o que sabemos do tempo?,
inexaurível em seus arroubos,
persistente no seu lento e ardiloso trespassar...,
nos tangendo com seus açoites arguciosos e ruinosos?
E o tempo nos faz mirar no que está por vir!,
agradados como pássaros libertos!,
mas abafados em um penar profundo!,
mantendo-nos firmes no fio da navalha.
Será possível nos lembrar do amanhã?,
ainda que não acontecido o amanhã?
Será possível enganarmos o tempo?
Me olho no espelho e não mais me vejo!
Tem um outro ser no lugar que seria meu!
Será que todos se sentem assim como me sinto?
Desnorteado na insignificância de ser atinente?,
e buscando uma relação com o factual?,
ou sangrado por mil lancetas e extinguindo-se?
O tempo, seguramente, tem algo a ver com isso!
O que quero, ou queremos, não deve estar nessa equação.
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