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“QUEM NÃO LÊ, VÊ FIGURA”Nilto Maciel pergunta, “Por que não investir na leitura, na formação de leitores”?
Vivemos em constante fingimento, porque carregamos a escuridão interior ao não ler. A falta da leitura costura fios dispersos na ilusão de que o impossível pode se tornar visível. Segundo Domingos Pellegrini, “... A diferença entre olhar e ver é como passar de trem e passar a pé”.
A história é tecida pela imagem da cultura. Sempre temos livros para ler, mas nem sempre temos a oportunidade, a liberdade e o tempo. Escutamos palavras a pregar o tempo, onde os gritos cortam a nossa alma. Mas, o tempo é do tamanho da poeira, basta um sopro e nada fica, nem um dia por acaso. Santo Agostinho em suas confissões descreve, “O que é por conseguinte o tempo? Se ninguém me perguntar, eu sei; se quiser explicar a quem me fizer a pergunta, já não sei”.
Questiono o leitor, por que ficar na agonia que o sufoca no livro fechado? Encontramos a resposta nas palavras em poemas; na memória do tempo, escondida; na luz da razão que nos cala em livros fechados, porque velamos diferentes significações num pensamento de lâmina por não ler tudo o que queremos, por correr atrás do tempo e do livro fechado. W.J.Solha alerta, “quem não lê, vê figura”. E, Pedro Du Bois, no Livro Fechado, retrata a relação do homem com o livro, “... Novo padrão do produto livro / livre de significados // e ditado/ impresso / acabado // em si mesmo”.
Mas, quem explica a falta da leitura como descaso e sofrimento? O doce sabor das amargas passagens na vida. Como tropeçar em palavras e não saber dizer o quanto são sensíveis os livros descritos com os sentidos, ou quanto vale o livro aberto em nossas vidas. Júlio Perez indaga, “... De quantas vestes / pode um homem se despir? / Até onde pode chegar / seu mais radical desnudamento?”
A leitura gera a diferença entre os homens e nos torna mais presentes, como se estivéssemos aguardando na esquina da curiosidade os mudos recados da paisagem; o olhar do sol e a vida se fazer espanto. Nas palavras de Pedro Du Bois, “Se não atentarmos à cultura que se desfaz em descobrimentos e invenções, somos breves, estéreis e áridos gestos de tardios arrependimentos”.
O prazer de saber ler é, antes de tudo, experiência única. A cada leitura recriamos e redescobrimos o poder das palavras, como expressa Jorge Luis Borges, “Que outros se gabem dos livros que escreveram, eu me orgulho dos que li”.
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