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RESENHA: Aimó, o caso da menina sem nome De repente, uma menina encontra-se sozinha num mundo desconhecido, onde não conhece ninguém e ninguém sabe quem ela é. Isso acontece com uma garota nascida na África e levada ao Brasil como escrava. Subitamente ela acorda num lugar estranho onde moram os orixás e os espíritos dos mortos que esperam a hora de seu renascimento. Ela não lembra o próprio nome nem se lembra de sua família. Por isso ela ganha o nome Aimó, “a menina que ninguém sabe quem é”. Tudo o que ela quer é voltar ao seu mundo de origem, mas para que isso seja possível, ela partirá numa longa jornada pelos tempos mitológicos, guiada por Exu e Ifá, e, com isso, acompanhará de perto muitas aventuras vividas pelas divindades africanas. Dessa forma ela reunirá o conhecimento necessário para fazer uma escolha que lhe permitirá partir para uma nova reencarnação.
Este é o enredo de Aimó: uma viagem pelo mundo dos orixás, de Reginaldo Prandi, onde o autor conduz o leitor a uma agradável introdução sobre a rica cultura dos orixás, repleta de mitos que mostram as virtudes e os vícios presentes nas divindades africanas que espelham os vícios e virtudes de todos nós seres humanos.
Exu e Ifá, filhos de Olorum, senhor supremo do mundo dos orixás, são escalados pelo pai para guiar a menina para que ela escolha uma das aiabás (orixás femininos) que a aceite como mãe adotiva, condição necessária ao seu desejado retorno ao mundo dos vivos. Assim, o belo livro Aimó conta histórias ancestrais, muito antigas, trazidas da África pelos escravos e preservadas no Brasil pela nossa riquíssima tradição oral.
Trata-se de uma obra de fácil leitura e, eu diria, indispensável para aqueles que desejam iniciar-se na compreensão desse universo mágico das religiões originárias do continente africano. É uma obra importante para o momento histórico vivido pelo Brasil, em que grassam muitas formas de preconceitos em relação à cultura dos brasileiros afrodescendentes. O livro de Reginaldo Prandi vem para afirmar a importância de se criar no país uma união na diversidade, com respeito às diferenças; a imensa diversidade cultural é que torna a cultura nacional bela e rica.
PRANDI, Reginaldo. Aimó: uma viagem pelo mundo dos orixás. São Paulo: Seguinte, 2017.
REGINALDO PRANDI, paulista de Potirendaba, é professor de sociologia na USP e autor de mais de trinta livros de sociologia, mitologia, literatura infantil e outras obras de ficção. Recebeu da SBPC, do MinC e do CNPQ o prêmio Érico Vannucci Mendes por seu trabalho de preservação da memória cultural do Brasil.
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