ATRÁS DE MIM

Isto que eu sou,
esta sensação não mecânica
de saber que estou presente,
o meu entorno,
o alcance dos olhos,
a consciência:
não me parece possível terminar.

O algo de mim
que está tão somente comigo;
a percepção
do avanço de uma lenda,
minha morte como cena principal,
uma ideia simples
que me acordará sempre em algum lugar.

Como me parece difícil acreditar em óbito
diante do padrão orbital lua,
muitas pessoas agora talvez vivam o retorno,
e outras em uma nuvem tentem entender -
rindo da nossa definição sobre o bem e o mal,
da nossa tristeza como questão vital -
porque inventamos aqui a reverência ao sal
como conservante ideal.


DO LIVRO: ADVERSOS E OUTROS MOMENTOS