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AOKIGAHARA AOKIGAHARA
Roberto Schima
Nesse lugar,
o crepúsculo fez morada.
A umidade.
Das sombras, a densidade.
Raízes emaranhadas.
Sem pássaros,
Sem esquilos,
Sem insetos.
Inexprimível silêncio de almas,
para sempre, caladas.
Onde o vento não se faz ouvir.
Um lugar de se partir.
Odor penetrante,
musgo e líquens
a crescer
indiferentes,
inconscientes,
incoerentes.
Tristeza sem fim na floresta fechada.
Terreno tortuoso, amargurado, trincado.
Árvores retorcidas lamentam suportar
o fardo de estranhos frutos a pesar.
Apesar... do pesar.
O pesar.
O lugar onde é fácil se perder,
mas alguns que nele adentram,
já chegaram sem rumo.
Sem prumo.
Em suas próprias sombras.
Em sua umidade,
Em seu silêncio,
Em sua densidade.
Ah, compaixão.
O lamento.
Um dia haverá de mudar a estação.
A primavera irá retornar
ao mar de árvores em tormento.
A luz presente a cintilar,
as flores reaparecerão,
animais a quietude romperão.
A fragrância indicará
o porto seguro da saída,
matizes em cores da vida.
O fim da solidão.
E, das lágrimas, a partida.
Almas falarão.
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