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Símbolos do velho amor novo Antes, durante e depois
Adornamos esse conto mitológico com uma cena antológica em referência à trilogia do antes, durante e depois. Usamos uma circunstância imaginária com Venus e Adônis.
Amantes alucinados de paixão e desejo ensaiam a mais envolvente parceria de corpos no altar do amor.
Venus
Fico imaginando todo aquele clima, o antes... como será?
Adonis
Bem o antes será assim como uma poesia de Neruda...
Venus
Uma poesia de Neruda?
Adonis
Isso mesmo... Aparentemente é igual às outras, mas o verdadeiro conteúdo está nas entrelinhas... Decifraremos esse enigma ao sabor de um velho e bom vinho... Interpretaremos essas entrelinhas com toques cuidadosos e suaves de dedos nervosos. Podemos adornar as nossas descobertas com uma música especial e depois demonstrar a nossa compreensão, através da nitidez absoluta da visão... de dois olhos tímidos que se fecham instintivamente e fechados podem ver a essência de nossas almas, permitindo-nos desbravar o labirinto de nossas emoções!
Venus
Oh! Por Adônis!...
Adonis
Assim será o nosso antes...
Venus (envolvida)
Depois de toda essa inspiração já arrisco imaginar como será...
Adonis
Durante... Pois eu lhe digo...
Venus está embevecida, Adônis está especialmente inspirado
Adônis (acariciando)
O durante será comparado a uma luta feroz de dois animais de sangue quente, de almas famintas e sentidos aguçados, no auge de seu cio, disputando as últimas migalhas de um alimento mágico que garante a continuação de suas vidas...
Um jogo sem regras, onde tudo é permitido para se alcançar o objetivo final, onde as reações e vontades se manifestam através de uma comunicação abstrata, composta de sons e sinais que só a alma dos amantes pode compreender uma luta de golpes ousados onde a dor é substituída pelo prazer...uma luta sem vencedores nem vencidos e o troféu é um grito agudo que se espalha no ar, pela noite e pela vida.
Adônis e Venus finalmente vencidos e vencedores no jogo do amor
Adônis
O depois é assim... Um profundo silêncio envolvendo em pleno domínio todo império dos sentidos... Dois corpos inertes estendidos sobre os lençóis de cetim. De maneira análoga, pode-se comparar à ressaca de uma festa profana, onde a nossa prece sussurrada jamais poderia ser compreendida. Tomados somos, de rápidos lampejos de arrependimentos, culpas, ansiedades e novos desejos.
Arrependimentos de termos esperado tanto, culpas pelo desperdício de tantos momentos divinos, ansiedades de ver nossos olhos outra vez, frente a frente como se fôssemos o espelho de nós mesmos...Desejos, ardentes desejos que fazem de nós, vulcões indomáveis em erupções constantes e cada vez mais arrebatadoras...assim, processa-se o ritual de um novo antes, outro durante e mais um depois. Assim como a vida, o amor nunca cessa, além de uma pequena pausa para se renovar e tornar-se mais forte..
Venus
Você ainda tem alguma coisa para dizer?
Adônis
Sim...tenho...quero ama-la de novo...de novo...de novo.
A referência aos animais é pertinente. Consta que Venus nutria um sentimento muito forte com a natureza e cuidado com os animais. E que ela teria feito um apelo ao seu amado sobre os animais.
-Sê bravo com os tímidos. A coragem contra os corajosos não é segura. Evita expor-te ao perigo e ameaçar minha felicidade. Não ataques os animais que a natureza armou. Não aprecio tua glória ao ponto de consentir que a conquistes expondo-te assim. Tua juventude e a beleza que encanta Vênus não enternecerão os corações dos leões e dos rudes javalis. Pensa em sua terríveis garras e em sua força prodigiosa! Odeio toda a raça deles. Queres saber por quê?
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