Ser, crescer e se esquecer. Por quê?

Por que é que criança cresce,
Vira adulto e se esquece?
Que já foi criança um dia,
Que pulava e que corria,
Andava de skate, soltava pipa
Chamava a professora de tia,
Pegava goiabas escondido,
No sítio da dona Maria.
Se esquece que brincava de roda
Ciranda e de pular corda,
Brincava de bola de gude
Elástico e amarelinha,
No mato fazia casinha
E com barro inventava a comidinha.
Se esquece
Que chupava chupeta,
Andava descalça, dava pirueta,
Fazia xixi na cama
E sem se importar com micróbios,
Pulava com tudo na lama.
Não guardava nenhum segredo,
De chuva tomava banho,
Ficar resfriado não tinha medo,
Soltava barquinhos na enxurrada,
Com as mãos sujas chupava o dedo.
Se esquece que para tomar banho
Chorava e fazia birra,
Mas debaixo do chuveiro
Fazia espuma e sorria.
Não se preocupava com nada
Gostava de desenho animado,
Se encantava com contos de fadas,
Por super-heróis era fascinado.
Se esquece que gostava de doces
Salgadinhos, pipoca e balão
Chicletes, sorvetes e balas
Com cárie não se preocupava não.
Tinha medo de tomar vacina
Pelo dentista não tinha paixão
Acreditava na fada do dente
E tinha medo do bicho papão,
Medo de ficar sozinha,
Do homem do saco e da escuridão.
Se esquece que acreditava
Que é a cegonha quem trás o bebê
E que um lindo presente
No natal papai Noel vai trazer.
Se esquece que na escola
Brigava com o coleguinha
Mas logo na mesma hora
Pedia desculpas e sem demora,
Sem ressentimento nenhum,
Corriam atrás de uma bola.
Por que é que adulto não aprende,
Aprende e nunca mais esquece,
Que na vida o que envelhece
Não é a criança que cresce.
E deixa morrer a pureza,
A inocência, ternura e beleza,
Deixando pra trás a lembrança
De que um dia já foi criança
Que sonhava um dia crescer,
E como nas histórias e contos
Felizes para sempre viver.
Todos deveriam crescer
Virar gente grande e não esquecer
Que dentro de cada um
Existe um pequeno ser,
E esse ser chamado criança
Que renova a esperança
Nunca pode desaparecer.