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A vela Sou como uma vela
Mas não uma vela comum,
Talvez uma vela de sete dias
Pois não tenho duração curta
Clareio a escuridão
Minha luz nunca é em vão.
Mas como toda vela
Nem sempre fico acesa
Às vezes fico guardada, escondida
Na gaveta de uma mesa
Mas eis que numa bela noite
Quando a eletricidade se apaga
Correm a me procurar com afoite.
- Onde é mesmo que ela está?
Ouço vozes a falar:
- Mãe!
Estou com medo do escuro
- Calma meu filho, logo vai clarear.
Nada se enxerga, tropeça num móvel
- Ufa, aqui está ela
Enfim, ó bendita vela.
O fogo em mim aquece
A vida reaparece
Minha luz acalma a criança
Que agora, curiosa se espanta.
Criança, sou feita de resina
Resina matéria fina
Em mim o fogo dança
E acalenta a criança.
Noite adentro, fico acesa
Sozinha em cima da mesa.
Aos poucos vou me acabando,
Mas sou de sete dias, esquecera?
Não será nessa noite meu fim.
Por fim, o sol clareou
Alguém minha luz apagou.
Não tem problema
Pois cumpri minha jornada
E durante toda madrugada
Estive viva, acesa
Minha chama mais uma vez foi usada
E agora volto a gaveta.
Mas sei numa noite bem negra
Me colocarão de volta na mesa,
Porque a vida é assim
Todo dia, ou noite alguém brilha
Que seja o sol, ou seja a lua
Porém esses, ninguém apaga
Sua vida é eternizada,
Ou que brilhe singelamente
Na vela, uma luz ardente
Que dure seus sete dias
E que enquanto brilha aproveite
Para olhar a beleza da noite
Imaginando como seria
Brilhar durante o dia,
O sonho de uma vela
Que vai derretendo com ela.
Mas um dia aquela criança cresce
E sua curiosidade apetece
- Onde é mesmo que está ela?
Aqui, ó bendita vela
Ouço a voz daquela criança
Que acende minha luz
Que alcança apenas,
Uma pouca distância.
Mas antes de acabar minha vida,
Vejo a claridade do dia
Derreto, então satisfeita
Lá se foram meus sete dias
Mas muito bem aproveitados
Trouxe luz a alguém necessitado,
E de forma melhor não poderia acabar
Sinto autoconfiança,
Sentindo minha chama dançar
Sob o olhar de uma criança.
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