O ENTERRO DE KATLINA

Chovia no enterro de Katlina: será que Deus Chorava?
O cortejo era minguado. A chuva lavava as lágrimas
Dos que amaram Katlina na cama no chão no carro –
Katlina gemendo Katlina gritando Katlina xingando
Katlina gargalhando Katlina de seios fartos lassa...
Mas Katlina chorava com seus olhos muito tristes:
Qual foi a ruína de Katlina tão bonita e desejada?
Katlina virou a vida do avesso em sua danação
Insatisfeita do homem perfeito que nunca existiu...
A vida lhe foi maldosa. Sua beleza era seu mal.
Os anjos rotos queriam um bacanal com Katlina.
E o ataúde desceu: a lama cobriu Katlina solitária.
Nem uma vela. Nem uma flor para Katlina linda –
Virou deidade do poeta que chorou a sua morte...