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SEM QUERERSem querer vou compondo versos,
Sem rimas, sem eiras, nem beiras,
Vou costurando os momentos,
Vou rompendo com o tempo,
Vou me acostumando aos fatos.
Mesmo querendo não tenho a chave,
Que abra as portas herméticas da razão,
Que desvende os mistérios da vontade,
Nem apazigúe o anseio do tudo que se quer.
E sem querer vou cortando a carne,
Sangrando as veias e os olhos,
Se lágrimas correm rosto abaixo,
Não sei dizer se de alegria ou tristeza,
Pois, sem querer me divido em conclusões.
Mesmo sem quer vou correndo versos,
Em cada verbo se faz um derrame,
Cada afirmação encuba uma metáfora,
Em cada palavra se faz uma sangria.
Mesmo querendo esconder a ilusão na história,
Mostro os cortes da navalha nas palavras,
Que expõem até as intenções implícitas,
Em cada verso que escrevo sem querer.
EACOELHO
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