Efuturo - Página para compartilhar seu talento literário na Web. Compartilhe seu texto, poesia, sentimentos. 5596 - CHICO MENDES: um herói e seu tempo - WILLIAM MENDONÇA

Solicitamos sua ajuda para continuar com nosso Espaço GRATUITO. Eu Cláudio Joaquim desenvolvedor do projeto conto com a ajuda de Todos. Ajude-nos com um PIX do valor que você pode para o CPF: 02249799733.

Sala de Leitura
Busca Geral:
Nome/login (Autor)
Título
Texto TituloTexto



Total de visualização: 1311
Textos & Poesias
Imprimir

Total Votos: 0
 
 

CHICO MENDES: um herói e seu tempo

Marco meu tempo de trabalho na imprensa pelos anos que se passaram da morte de Chico Mendes. Pode parecer mórbido, mas não é – de fato, é uma homenagem.
No final de novembro de 1988, entrei como estagiário no jornal A TRIBUNA, de Niterói, sob a batuta do editor Mário Sousa. Eu era um bom aluno na faculdade, redação era minha melhor matéria, mas nada prepara um jovem para o jornalismo – a não ser mergulhar no dia-a-dia de um jornal.
Pouco me lembro do meu primeiro mês, a não ser o fato de não conseguir cumprir a minha primeira pauta – algo sobre problemas com a Cedae (certas coisas nunca mudam). Depois de um dia às voltas com o tema, sem conseguir uma posição oficial da Cedae, Mário Sousa me deu uma lição que, bem atento, aprendi e repassei para os vários estagiários que formei nesses anos: “Se não quiserem falar com você, escreva sobre isso. A matéria está aí”.
Mas o primeiro texto sobre um fato que me chocou pessoalmente foi, exatamente, a matéria sobre a morte do líder seringueiro Chico Mendes, assassinado a mando de fazendeiros, em Xapuri, no Acre, em 22 de dezembro de 1988. Ele tinha, àquela época, a mesma idade que eu tenho hoje – 44 anos.
Jovem e com a visão política sempre mais à esquerda, eu já era atento ao trabalho de Chico Mendes fazia naquela região de conflito na Amazônia. Quem se interessava por ecologia naquela época, certamente, tinha Chico Mendes como uma espécie de herói. Por isso, a sua morte causou muito impacto, não apenas no Brasil.
Hoje, 25 anos depois, lembrar de Chico Mendes é, também, lembrar do amálgama de ideias que estava me construindo como cidadão naqueles dias, lembrar dos primeiros dias no jornalismo, avaliando a coerência que ainda enxergo em meu trabalho, mesmo depois de tantas idas e vindas.
Constato que, diferente do que o poeta Cazuza dizia em sua canção “Ideologia”, nem todos os meus heróis morreram de overdose. Chico Mendes – como tantos outros defensores da mata, do fazer tradicional extrativista, da organização dos trabalhadores, batalhadores que enfrentam o poder econômico, político e até paramilitar de fazendeiros e grileiros naquelas terras tão à parte da Lei – foi um herói morto pelas balas, numa emboscada, no quintal de sua casa, sem condição de se defender.
A questão é que, diferente do que pensam aqueles que criam mártires, com suas ações de violência, a memória mantém vivos os heróis. Eles viram marcos para a história, para a vida de quem foi contemporâneo aos atos de exceção e arbitrariedade que tentaram calar o seu exemplo. Não é à toa que Chico Mendes foi elevado pelo Congresso Nacional à categoria de patrono do meio ambiente no Brasil – homenagem justa, que fará seu nome ser lembrado por outras gerações.
Chico Mendes, 25 anos depois, está vivo – e o seu legado deu legitimidade para que a esquerda chegasse ao poder, para que uma outra líder dos seringueiros chegasse ao Ministério do Meio Ambiente e concorresse à presidência da República, para que o ritmo do desmatamento na Amazônia diminua ano a ano.
É claro que muita gente, muitos partidos políticos e o próprio governo, como instituição, se aproveitaram no nome Chico Mendes. Mas, tenho pelo líder seringueiro morto há 25 anos, a mesma admiração juvenil que tinha no meu primeiro mês como jornalista. Tenho a sensação de que, usando um clichê bem apropriado para o tema, a morte de Chico Mendes não foi em vão, porque a coragem inspira.


(Publicado no JORNAL ITABORAÍ de 18/12/2013)
Baixe gratuitamente os livros de William Mendonça em www.williammendonca.com

 
   
Comente o texto do autor. Para isso, faça seu login. Mais textos de WILLIAM MENDONÇA:
20 DE OUTUBRO: DIA DO POETA Autor(a):
A AREIA FINA Autor(a):
A DOR QUE ME VISITA Autor(a):
A LIRA DOS VINTE ANOS Autor(a):
A MIL POR HORA Autor(a):
A MORAL RASTEJANTE Autor(a):
A PAZ NO OLHAR DE GABRIELA Autor(a):
A POESIA DAS NOITES DE HOJE Autor(a):
A QUEM NÃO AMA Autor(a):
A RENÚNCIA DO PAPA Autor(a):
A ÚLTIMA QUIMERA Autor(a):
A VERDADE RELATIVA Autor(a):
ABSINTO Autor(a):
AGORA Autor(a):
AGRADECIMENTO Autor(a):
ALGUMAS TROVAS IMPERFEITAS Autor(a):
AMANHECER Autor(a):
ANA C. - O brilho interrompido Autor(a):
ANACRÔNICO Autor(a):
ÂNSIA Autor(a):
ANTONIN ARTAUD - O teatro e sua santa loucura Autor(a):
ANUNCIADA Autor(a):
AO TEU SOL EM PEIXES Autor(a):
AONDE VAI O POVO? (Conversa com o Brasil) Autor(a):
AOS ABUTRES Autor(a):
AOS NOSSOS FILHOS Autor(a):
APARTHEID BANCÁRIO Autor(a):
ARGONAUTA Autor(a):
ARTAUD Autor(a):
ARTHUR MILLER - o mestre indiscutível do drama moderno Autor(a):

CONVITE ESPECIAL. Conheça o nosso novo projeto. Participe em nossa Sala de Leitura e Escrita. Com muito mais recursos.
Grátis.
https://epedagogia.com.br/salaleitura.php


Banner aniversariantes

Aniversário Hoje

Aniversariante de Hoje 1