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Cena inicial de O CANGACEIRO NA INTERNET

(Apartamento quase típico da classe média carioca. O cenário é, basicamente, a sala de estar - com saídas para a cozinha e os quartos. Um jogo de sofá e poltronas, de bom gosto, e quadros de Mundinha - a dona da casa - nas paredes, contrastam com o “canto nordestino” de Mário, o marido de Mundinha - onde se pode ver uma rede, xilogravuras retratando o cangaço, uma estante com literatura de cordel e uns cestos de palha trançada. Em outro canto, o refúgio dos jovens - com um micro-computador, som, estante com CDs e almofadas. Mundinha está na sala, em sua poltrona cativa, lendo uma revista, enquanto Lino - o filho mais novo - “navega” na Internet, em seu computador, comendo pipocas.)

MÁRIO: (entrando, completamente descabelado, transtornado, com a roupa rasgada e sem os sapatos - furioso) Ah! Se fosse lá na Caatinga! Eu sangrava esse cabra! Arrancava as tripas dele pelo rabo!

MUNDINHA: (espantando-se) Mário!? O que é que houve com você, homem? Parece que foi mastigado por um dragão!

MÁRIO: Dragão tô eu, Mundinha - tô cuspindo fogo, marimbondos, canivetes e tudo mais ...

MUNDINHA: Mas por que isso, afinal?

MÁRIO: E o que é que cê acha? Nessa cidade da peste, só pode ser uma coisa: (suspense) eu fui assaltado!

MUNDINHA: Ah! Meu Deus! (levanta e vai até ele, preocupada) E levaram muita coisa?

MÁRIO: Tudo, Mundinha - me deixaram leso, ferrado, sem um tostão. Levaram o carro - ó só, até os sapatos que eu comprei na semana passada ...

MUNDINHA: Vem, Mário, senta aqui e se acalma! (leva o marido até o sofá e força-o a sentar) Pelo menos você está bem, homem - não te fizeram nada ...

MÁRIO: (levanta-se, indignado) Não me fizeram nada!? E a minha honra, mulher? E o meu sangue de cabra macho? E a minha origem? Nessas horas, não aparece nenhum macaco pra ajudar a gente!

MUNDINHA: (fazendo com que ele sente) Macaco não, homem - eu já disse pra você não chamar policial de macaco, que você ainda vai ser preso por isso.

MÁRIO: Eu não duvido disso não ... se fosse pra prender bandido, vagabundo e traficante que tá na rua achacando a gente, eles não tavam nem aí - mas, pra prender um pai de família ...

MUNDINHA: Você está muito nervoso, Mário.

MÁRIO: E você queria o quê? Que eu tivesse calmo, rindo igual a um debilóide? Eu tô é muito contrariado mesmo, mulher ... (Levanta de novo) Mas você pensa que eu deixei barato? Nãããão!!!

MUNDINHA: Mário ...

MÁRIO: Pensa que eu fiquei quieto? Nãããão! Eu virei pro cabra e, na lata - assim, ó, bem no meio das fuças do safado - (imita) disse “Ô cabra, cê sabe que é que cê tá assaltando?”

MUNDINHA: E se arriscou a tomar um tiro ...

MÁRIO: Nessas horas eu não consigo ficar calado, mulher. Mas aí, o “sem mãe” virou e disse - “Quem você é não me interessa, e cala essa boca senão leva um teco”. Vê se pode, Mundinha, um desrespeito desses. Os cabras tão cada dia mais abusados ...

MUNDINHA: Bom, aí você ficou quieto, né?

MÁRIO: De jeito nenhum! E minha honra, onde é que fica? Disse pra ele: “Eu sou Mário Ferreira, sobrinho-neto de Virgulino Ferreira, o Lampião. Sou herdeiro da tradição dos cangaceiros do Nordeste”.

MUNDINHA: (põe as mãos na cabeça) Não acredito que você fez isso ...

MÁRIO: Fiz, fiz sim! E sabe o que o desaforado teve a coragem de me dizer?

MUNDINHA: Imagino ...

MÁRIO: Disse que cangaceiro que se preza não anda sem peixeira, e que eu era o “lamparina”... (Mundinha ri) E depois me encheu de sopapo. Tá doendo até agora.


Para comemorar os 500 downloads da peça
O CANGACEIRO NA INTERNET.

Quer ler a peça completa? Acesse o link:
http://static.recantodasletras.com.br/arquivos/2570188.pdf?1287682353

Sinopse:
A peça teatral O CANGACEIRO NA
INTERNET, de William Mendonça, é uma brincadeira a partir de situações reais: realmente, um grupo gay da Bahia disse que o cangaceiro Lampião era homossexual, assim como o autor conheceu um sobrinho neto de Lampião e encontrou, quando estava escrevendo o texto, poucas
referências sobre o cangaceiro na web. Com essas informações e criando personagens e situações cômicas, o autor fez a extrapolação que é o mote da peça: e se o cangaço chegasse à internet?
Escrita em 1998, a peça O CANGACEIRO NA
INTERNET comprova a veia cômica de William
Mendonça, seguindo a linha traçada por sua comédia anterior, O ENCOSTO. O estilo é próximo ao dos vaudevilles e das comédias cinematográficas da extinta Atlântida, imortalizadas por Oscarito - situações
familiares levadas ao tom da caricatura.
O texto permaneceu inédito até 2006, quando o
diretor Zeca Palácio se reuniu ao grupo Teatro Popular Grades da Arte, para a montagem do espetáculo. A estreia aconteceu em novembro, no Teatro Municipal João Caetano, de Itaboraí - RJ.

 
   
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