|
RAINHA? OU PROSTITUTARAINHA? OU PROSTITUTA
Em janeiro de 1980 Clarisse havia completado 18 anos de idade. Filha de pais riquíssimos, proprietários das seis maiores fazendas no Sul de Minas, plantadores do melhor café produzido no Brasil.
Ela era, realmente, muito bela, loira de olhos azuis com mais de 1,80 de altura, seios fartos e corpo escultural, naquele ano foi eleita a Miss em sua cidade.
Ela deveria estar feliz, disputara e vencera outras 40 moças da cidade, mas o título tumultuou seus pensamentos. Contrariando seus familiares, amigos e professores decidiu tentar carreira artística, seria modelo ou manequim.
Mudou-se para São Paulo com uma boa soma em dinheiro que sua mãe lhe dera, só não levou mais, porque seu pai contrariado, nada lhe deu. Durante seis meses, sempre muito bem vestida e maquiada, buscou agências especializadas na colocação de candidatas a manequim. Nesse tempo hospedou-se em FLATS caros e fazia suas refeições em restaurantes chiques, até que o dinheiro que possuía acabou.
Seria hora de voltar para casa, mas o que ela possuía de beleza, também tinha de orgulho próprio e pensava: “Mesmo que não consiga o que busco, jamais voltarei," Mudou-se para uma república onde também só moravam moças do interior, ali seus gastos seriam infinitamente menores. Seguia na procura pelos seus ideais, e com seus recursos já esgotados, se mantinha com alguma pequena quantia que sua mãe lhe mandava por correio às escondidas de seu pai.
Em um final de semana, conversando com uma de suas colegas de república, recebeu uma proposta que lhe foi muito bem vinda, teria que acompanhar o amigo de seu namorado em uma festa, ambas se divertiriam, sem gastos, só salientou que ela não levasse muito em conta as idades deles, pois ambos eram bem maduros.
Convite aceito, apresentações feitas, a festa bastante concorrida e agradável. O que Clarisse não sabia era que aquele encontro havia sido contratado por uma cafetina que cobrava dos rapazes pela companhia das moças. Os custos desses encontros variavam de acordo com o programa feito, e como este terminou em um Motel, ela sem saber entrara para o mundo da prostituição.
Apenas no momento que sua amiga lhe entregou uma boa quantia em dinheiro, ela entendeu que se tornara “garota de programa”. Como até então apenas havia se reacionado com garotos sem muita experiência sexual, pensou “O coroa me proporcionou uma linda noite de amor e ainda recebi por isso, assim eu quero é mais”.
Na mesma semana Clarisse foi avisada por sua mãe que não poderia mandar mais dinheiro, pois seu marido havia descoberto as ajudas financeiras.
Clarisse pensou “Sorte que consegui uma maneira de ganhar meu próprio dinheiro”
Neste mesmo dia Clarisse procura por sua amiga e pede a ela que consiga outros encontros. Com essa disposição dela, a cafetina tomando conhecimento da formosura de sua nova profissional passa a promover encontros diários e até duas ou três vezes por dia.
A moça pouco se importava com o fato de ter que fazer programas com senhores de idades avançadas, apenas tempos depois descobriu o motivo que todos eles usavam sempre o mesmo remedinho azul, ela até aproveitava esse fato, pois as usando se tornavam ótimos amantes e muita vez imaginou. “Assim eu é que vou acabar pagando a eles”
Dois meses depois, para sua surpresa o parceiro daquele dia era um jovem, teria um ou dois anos a mais de idade que ela. Esse “freguês” se tornou muito constante, solicitava que a sua companhia fosse até por todo final de semana, até que um dia este lhe propôs casamento.
Clarisse já se acostumara com aquela vida, tentou responder de imediato, mas combinou que ele bancaria seus gastos por um mês sem fazer nenhum programa, ou apenas com ele, e somente ai responderia.
Findo esse prazo, e sabendo que o rapaz também era natural do sul de minas aceitou casar-se desde que fossem morar em sua cidade.
Bastou o tempo para correr os papeis no cartório para se unir com total apoio de seus familiares, inclusive seu pai que estava eufórico com a volta de sua única filha.
O novo casal demonstrava grande felicidade e já no primeiro ano de casamento nasce o filho de ambos.
Até então Leopoldo, marido de Clarisse ganhava a vida comercializando a safra de café das fazendas de seu sogro, mas ao ver este radiante com a chegada de seu único neto inicia um novo projeto de vida.
Pretendia abrir uma gigantesca granja que produziria segundo seus cálculos um milhão de pintinhos de um dia, todos os dias. Seria algo gigantesco e ele precisaria de muito dinheiro para isso.
Depois que Leopoldo conversou longamente com Sergio que era o gerente do único Banco em sua cidade, ele leva Clarisse para um passeio e nele vem à absurda proposta.
Preciso convencer Sergio propor um empréstimo de cinco milhões de dólares, por um prazo de um ano para pagar e apenas com o aval de seu pai.
Para ajudar a convencer toda a diretoria do Banco, preciso que você faça um programa com o Gerente e outros quatro diretores da matriz.
Clarisse ficou chocada com esse pedido. Pensou em seu filho, e acabou aceitando esses encontros.
O primeiro deles seria com o gerente Sergio, e Leopoldo ignorava o fato deste, anos antes, ter sido o primeiro namorado de Clarisse e seu primeiro homem. Dessa forma, ainda contrariada, mas resignada a moça vai com seu par para uma cidade próxima dali, mas longe dos conhecidos e vizinhos.
Sergio após um jantar a luz de velas em um restaurante chamou-a para dançar. A musica a seu pedido era um bolero que ambos ouviam na noite do primeiro encontro amoroso anos atrás. Ele murmura em seus ouvidos: Que não entendia até então por que o destino havia os separados. Seria ele que estaria tentando consertar aquele erro? E concluiu afirmando saber o verdadeiro motivo daquele encontro, e se ela assim quisesse ele voltaria para suas cidades sem consumar o acordo que segundo pensava seria algo profundamente desagradável para ela, mas daria andamento ao pedido de empréstimo e demais tratos.
Inicialmente sem nada responder Clarisse se sente aliviada, mas, depois de varias danças e sentindo o calor do parceiro junto ao seu corpo responde.
_Você mesmo disse que o destino nos separou sem nenhuma razão, vamos até o fim e daremos a “ele” a oportunidade de corrigir o passado.
E realmente a noite foi deslumbrante para ambos em um hotel, e sem terem dormido um só minuto durante esse período voltam em carros separados para suas cidades.
Ao chegar a sua casa Leopoldo já lhe aguardava e, sem se preocupar saber como teria sido a noitada ele pergunta de imediato se o Gerente iria encaminhar o pedido de empréstimo.
Chocada com o desinteresse do marido em saber sobre o encontro, mas sim sobre o empréstimo Clarisse apenas informa ao marido que seu parceiro de noitada irá solicitar a aprovação do empréstimo, mas fica bem desapontada já que esperava ver no marido um gesto que demonstrasse contrariedade em saber que sua mulher passara a noite nos braços de outro, mas como consolo pessoal pensou: Ele não faz a menor ideia de como foi ótima a noitada.
Sergio, já no primeiro dia útil após aquele ardente encontro, encaminha a matriz o pedido de empréstimo, e mesmo totalmente contrariado, encaminha em envelopes separados a cada um dos quatro diretores fotos de Clarisse. Ele sabia que todos eles saberiam muito bem o motivo do envio daquela foto.
Apenas três dias após, Sergio recebe um telefonema do primeiro Diretor, seria ele quem daria inicio ao processo do empréstimo, este também é casado, mas afirma ter ficado encantado com a beleza daquela que seria a sua parceira por todo final de semana.
Marcam de imediato o encontro que deveria ser no Rio de Janeiro, assim com a passagem aérea na mão o Diretor diria para sua esposa que participaria naquela cidade de um encontro com todos os outros Diretores do Banco para tratar dos assuntos deste.
Já na primeira noite, o parceiro demonstrando muita ansiedade, resolve beber algumas doses de whisky para relaxar, mas bebeu tanto que acabou dormindo, só acordando na manhã seguinte.
A idade desse diretor era próxima de seus antigos “clientes” assim ela para cumprir com o combinado pergunta se ele não tomaria um estimulante sexual e recebe como resposta que ele era cardíaco, assim não podia fazer uso “delas”.
Chegada a hora da volta, Clarisse ouve do Diretor que NADA conseguira que ele encaminharia o pedido de empréstimo, mas a condição seria a de jamais contar o fiasco que havia sido esse encontro.
Trato aceito é recebida por Leopoldo em sua volta com a pergunta: _E então ele vai aprovar o empréstimo?
Clarisse novamente magoada nem mesmo conta que durante toda sua viagem, nada havia acontecido.
Na semana seguinte o terceiro encontro. Este seria novamente em São Paulo, contudo seu par iria lhe encontrar em um shopping na zona sul da cidade com local e hora marcada.
Clarisse seguiu viagem em seu próprio carro e no estacionamento deste encontrou Jerônimo, um senhor, teria mais de 70 anos, e ela logo pensou. “Será mais um fiasco certamente” E o idoso trajava roupas esportivas e somente já dentro do carro dele descobre que iriam passar o final de semana no litoral, em sua casa de praia, mas ele já adiantava a ela que seria apenas para que os demais diretores não tomassem conhecimento de que sendo ele, muito religioso e principalmente por ter enviuvado dias antes não teria disposição para novos relacionamentos, especialmente com uma jovem da idade de suas netas.
E foi o que ocorreu, ela aproveitou para banhos a beira da piscina e meditar sobre tudo o que ela estava fazendo e garantia a si própria que era para assegurar um futuro melhor para seu filho, mesmo sendo a única herdeira da gigantesca fortuna dos pais, ela queria que seu único filho soubesse que o pai dele venceu na vida por seus próprios méritos.
Na volta, novamente, apenas a mesma pergunta _Então ele vai aprovar o empréstimo?
O quarto e ultimo encontro seria com um quarentão. Para Clarisse seria o final da carga que seu marido lhe atribuíra, mas ela, já carente, pois desde o inicio dessa loucura toda não a procurava para nenhum tipo de carinho, pensou “Hoje quero aproveitar loucamente esse encontro”.
E foi a mais distante das viagens, seu parceiro queria passar e assim foi feito no Nordeste do Brasil.
Quando ambos já se encontravam no hotel, e ela bastante disposta já que havia bebido muito no avião, toma a iniciativa e procura dar em seu momentâneo parceiro um beijo ardente, segundo ela, como estava autorizada pelo seu marido, haveria de aproveitar ao máximo e se possível fazer sexo por horas, já que desde o dia que se encontrou com o gerente do banco, não havia feito isso.
Excitada ouve de seu parceiro. _ Menina, sei o motivo deste nosso encontro, sei por que meus colegas de diretoria contaram como havia sido ardentes seus encontros com eles, mas, eu sou gay.
Serei eu quem aprovará definitivamente o empréstimo solicitado, e o farei desde que você se mantenha calada sobre o que lhe contei agora, inclusive já reservei o quarto ao lado, pois viemos tão longe, pois tenho um encontro com um rapaz aqui desta cidade. Boa noite menina.
Na volta Clarisse ao ouvir a mesma pergunta respondeu. _ Sim o empréstimo já esta aprovado.
Leopoldo vibra com a noticia, se tranca no escritório e fala com alguém por horas.
Na manhã seguinte Leopoldo vai até a agência bancária e combina todas as condições do empréstimo e é lembrado por Sergio que será indispensável o aval de seu sogro. Só aí ele se lembra de que ainda teria que pedir mais um grande favor a sua esposa, pois sem seu pedido o sogro jamais irá avalizar esse negócio.
Para agradar Clarisse, compra um lindo arranjo de flores e sorrindo lhe dá um beijo no rosto dizendo: _Obrigado minha querida, sem você não teria conseguido nada disso, mas ainda preciso do aval de seu pai, fale com ele por mim, sei que ele atende a qualquer pedido seu.
Assim foi feito, mas a moça ainda seguia decepcionada com tudo que ocorrera em sua vida nos últimos dias e assim que o empréstimo é liberado, faz uma viagem para a França, apenas na companhia do filho.
A granja seria instalada em uma cidade próxima da sua. Clarisse volta sem avisar, aluga um carro e vai direto com o filho para essa cidade, onde não era conhecida por ninguém. Vai almoçar com o filho no melhor restaurante do local e durante a refeição acaba ouvindo comentários de outros frequentadores sobre como Leopoldo e a esposa iriam construir uma gigantesca granja.
Aquela conversa despertou sua curiosidade, ela nunca disse que seria sócia dele.
Continuou a ouvir a conversa, falavam que a ideia era de sua esposa paraguaia e era ela quem iria tocar os negócios, comentavam de como Leopoldo era uma boa vida, nunca trabalhou, de como tinha sorte de ter encontrado essa mulher que o colocou nos trilhos. Clarisse ainda descobre que o nome da tal paraguaia é Pâmela.
Rapidamente Clarisse paga sua conta e volta para sua casa. Ninguém nota nada de diferente no comportamento da moça, pois quando comentam que ela esta abatida, alega ser pelo cansaço da viagem.
Nos dias que se seguiram Clarisse passa a observar melhor os atos de seu marido que agora só vem para casa a cada 15 dias dizendo estar super ocupado com a construção da granja.
Mas é ela quem seguidamente vai até onde se constrói a granja e de longe vê Pâmela e Leopoldo de mãos dadas e beijinhos de carinhos.
No mesmo restaurante onde descobrira o segredo de Leopoldo, pergunta para o garçom a razão de tanta agitação na cidade. A resposta só confirma o que ela já sabia Leopoldo a usou.
Na manhã seguinte ela vai até a agência bancária e conversa com Sergio. Conta a ele o que descobrira e combinam que na data do vencimento do vultoso empréstimo este diria a Leopoldo que somente prorrogaria o prazo para pagamento da divida mediantes outras garantias e que o banco aceitaria a hipoteca do imóvel onde estava sendo construída a granja.
Durante o ano que levou a construção da granja, Clarisse passou a viajar muito, buscava estar fora de sua cidade nos finais de semana em que o seu marido voltava, deixava claro que não queria contatos amorosos com ele, e este por sua vez, também nada fazia para mudar essa situação.
Finalmente a construção da granja chega ao fim, dias antes do prazo do vencimento do compromisso assumido junto ao Banco com aval do pai de Clarisse. Conforme o combinado, quando Leopoldo procura pelo gerente para renovar o prazo por mais um ano é avisado que a instituição financeira não mais aceitaria o aval do sogro e exigiam garantias reais.
Então sugere usar a granja como garantia, mas como também havia uma sócia no empreendimento com Leopoldo, seria necessário o aval de ambos.
Sem saída, o negocio é aceito, as garantias hipotecadas e dado mais um ano de prazo para pagar.
Leopoldo e Clarisse passam a viver como dois estranhos dentro da residência. Como ele já não precisava mais do aval do sogro sentia-se superior e independente.
Com um ano de funcionamento a granja demonstrava que iria produzir o projetado por dia em pintinhos, mas próximo do vencimento do compromisso bancário Leopoldo é avisado de que não renovariam o empréstimo, queriam receber e em dinheiro.
Só restaria então a venda do empreendimento.
Muitos foram os interessados na compra da granja que havia se valorizado bastante, mas o empréstimo fora em dólar e este também se valorizara na mesma proporção. Sendo assim, Leopoldo e Pamela apenas sairiam com quantia suficiente para saldar a divida, e ter cargo na diretoria da granja, independente de quem fosse o seu comprador. Essa certeza lhes deixava tranquilos, pois ainda poderiam ganhar um bom salário e manter uma boa condição financeira.
No dia 16 de março de 1990 o negócio é fechado e por exigência dos vendedores o pagamento foi feito em dinheiro vivo, a quantia ficaria aplicada no OVER NIGHT que rendia aproximadamente 3% de um dia para o outro.
Naquela tarde já com o dinheiro aplicado, metade do valor para cada um dos dois sócios, o novo governo federal, empossado no dia anterior, juntamente com sua Ministra da Fazenda fazem um comunicado aterrador.
O confisco de todos os saldos em caderneta de poupança e em outras aplicações financeiras, o dinheiro muda de nome, de Cruzado Novo para Cruzeiro e é decretado feriado Bancário por três dias.
Tal confisco leva o país ao caos.
Leopoldo ainda acreditava que poderia se salvar, pois todo o dinheiro proveniente da venda da granja havia sido aplicado no Banco credor de sua divida, mas é avisado por Sergio que a divida continuava pendente e todos os seus recursos aplicados, confiscados.
Leopoldo ainda acreditava que poderia se salvar, pois todo o dinheiro proveniente da venda da granja havia sido aplicado no Banco credor de sua divida. É quando Sérgio lhe avisa que a divida continuava pendente e todos os seus recursos aplicados, confiscados.
Leopoldo e sua sócia se desesperam, eles haviam vendido à granja, mas seguiam devendo ao Banco e devido às mudanças na economia, nenhum deles foi admitido pelos novos donos da granja. Ele apela para Clarisse para que peça ajuda para seu pai, seria sua única salvação, o Banco iria executar a dívida por falta de pagamento e com o dinheiro confiscado não possuía nenhum outro recurso para seguir vivendo.
Clarisse nega ajuda e finalmente ele é desmascarado. Ela conta que sabia de toda a trama urdida por ele e pela sua sócia paraguaia.
Desesperado e sem saída, Leopoldo marca um encontro com Pámela.
No local marcado, sua sócia esperava por ele acompanhada por um homem. E mais uma vez é surpreendido.
_ Este é meu marido, ele fez comigo exatamente o que você fez com a sua mulher, usou-me para conseguir construir a granja, sorte dele que não deve nada a ninguém, assim, estamos voltando ao nosso pais.
Sem condições para se manter e principalmente não haver a menor possibilidade da família de Clarisse ajudá-lo, ele pede a ela que de entrada no pedido de divórcio.
Muda-se para São Paulo onde só conhece a cafetina que seguia na ativa e procura por ela, conta toda sua saga e ouve dela: _Amigo, tenho um trabalho para você, muitas idosas viúvas e gays enrustidos buscam companhia de pessoas mais jovens, topa?
Clarisse é vista diariamente visitando a agência bancária onde Sergio segue gerenciando e ambos esperam que realmente a vida acabe reparando o destino que deu a ambos e os junte definitivamente.
Será este o fim?
Tito Cancian
italianodeoderzo@hotmail.com
|
|