|
PrevilegiadoPrevilegiado.
Nossa! como o tempo passa.
Disse-me, frente ao espelho.
É como no vento a fumaça,
Que junto nos arrasta,
E não podemos dete-lo.
Parece que vejo,
Nítido como um agora,
Minha infância, meus brinquedos,
Minhas proezas e medos,
Meu saudoso tempo de escola.
A longínqua mocidade,
Os amores e desamores,
Apertando no peito saudades,
Mas, voltando a realidade,
Vejo humanos dissabores.
E o espelho não se cansa,
Insiste em me apontar,
Parece até que me zomba,
Como se fosse uma balança,
Tentando meu tempo pesar.
É como se a aparência,
Fosse forma de peso e medida,
Como se nossa presença,
Ou mesmo nossa ausência,
Não fosse percebida.
Poderia quebrar o espelho,
Mas, nada em mim mudaria,
Não voltariam os brinquedos,
Das rugas não ficaria ileso,
Tudo igual continuaria.
Então viro lhe as costas,
Prometendo voltar,
Não vejo a expressão que me esboça,
Se comigo não se importa,
Com ele não vou me importar.
Desfruto de meu conteúdo,
Da bagagem que trago comigo,
Sem medo não mais me iludo,
Carrego Deus, por meu tudo,
Não coleciono falsos amores nem amigos.
Sigo feliz meu estado,
Guardando minhas experiências,
Não me sinto afetado,
Mas sim privilegiado,
Me orgulho da minha existencia.
Ladislau Floriano
|
|