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O REI TIRANOHá muito tempo, aos pés de grandes montanhas, existiu um reino comandado por um rei tirano. O tempo foi passando, ele envelheceu ficando muito doente. A sua visão enfraqueceu a ponto de ele não enxergar quase nada.
Certa vez, como era o costume daquela gente, o rei ia à frente de um grupo de caçadores, quando, por causa da visão falha, ele caiu em um buraco com cavalo e tudo. O grupo de caçadores seguiu em frente deixando o rei à própria sorte. Ele gritou. Nada. Todos sumiram.
Naquele momento, um homem, o mais pobre do reino, andava por ali recolhendo gravetos para acender o fogão e preparar o alimento para seus filhos, quando o rei gritou novamente. Curioso, ele se aproximou da fenda e viu o pobre rei entalado juntamente com o cavalo. O rei, humildemente, pediu:
- Bom homem, podes me tirar deste buraco? Dar-te-ei tudo que me pedires.
- Majestade, se puder aguentar mais um pouco irei chamar meus amigos para ajudar.
E assim foi feito. Logo chegaram os aldeões pobres para salvar aquele rei quase cego e orgulhoso. Eles não tinham cordas para içar o rei. Somente pás e machados, ferramentas do trabalho do dia-a-dia. Estudaram a situação e já estavam quase desistindo de salvar o rei quando um deles teve a ideia:
- Gente! E se nós cavássemos um canal das margens do riacho até aqui?
- E daí? – questionou o plantador de verduras.
- A água do riacho inundará o buraco e com isso o rei e o cavalo subirão e nós poderemos tirá-los dessa situação incômoda.
- É uma boa ideia! – afirmou o primeiro homem.
E assim fizeram. Em pouco tempo pás e machados abriram o canal e a água começou a inundar o buraco. Conforme subia o nível da água, também subia o rei e o animal. Os homens, rapidamente, retiraram os dois daquela situação perigosa. O rei, agradecido, disse para os homens:
- Peçam todo o ouro que quiserem.
Foi quando o homem que encontrou o rei no buraco disse:
- Majestade, hoje o senhor teve uma grande experiência: aqueles, que se diziam seus amigos, foram os primeiros a deixá-lo na mão. Por mais poderoso e forte que seja um governante, ele não deve menosprezar os fracos. Não queremos seu ouro. Queremos o que o senhor rei nos nega: justiça. Queremos ver os impostos que pagamos distribuídos honestamente beneficiando a todos.
E assim, o rei aprendeu a respeitar o seu povo e, mesmo doente e quase cego, governou com sabedoria e justiça até o fim dos seus dias.
01/09/11
(Maria Hilda de J. Alão)
(Histórias que contava para o meu neto)
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