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A FÁBRICA DE OVOS DE PÁSCOA Quando bateu meio-dia no relógio da fábrica de chocolate, os coelhos pararam o trabalho. Era hora do almoço. Foram todos para o refeitório comentando sobre a produção de ovos. Um dizia que estava atrasada, outro achava que estava até adiantada e que os ovos seriam entregue antes da data marcada.
Depois do almoço retornaram ao trabalho. Religaram as máquinas e a principal, um tacho enorme que distribuía o chocolate derretido pelas fôrmas, não funcionou. Foi um alvoroço. E agora? Chamaram o coelho mecânico para reparar o defeito. Ele chegou e, com os óculos na ponta do nariz, franziu as sobrancelhas e fez “hum...hum”.
- Qual é o defeito? Perguntou o coelho Záz-Trás, chefe da fábrica.
- Quebrou a peça que faz girar o tacho e não temos outra no almoxarifado para substituí-la. – respondeu o mecânico.
- Então a entrega dos ovos de páscoa será atrasada. Isso não pode acontecer. Meu Deus! Que decepção para as crianças! – dizia, andando pra lá e pra cá, o coelho chefe.
A notícia espalhou-se pelo mundo dos bichos. Todos correram até a fábrica para oferecer ajuda. Outra peça, para fazer o tacho funcionar, só depois da Páscoa. Os bichos se reuniram para encontrarem a solução do problema.
- Que tal escolher os bichos mais fortes para fazer girar o tacho gigante? – propôs o macaco Lelé.
- É mesmo! Boa ideia, Lelé! – exclamou uma coruja pousada no galho da árvore sob a qual a reunião acontecia. E continuando ela disse:
- Vejam, esses bichos fortes farão o trabalho da peça danificada. Será um pouco mais lento, mas é melhor que ficar todo mundo parado. Concordam?
- Aprovado, Sarita! Você é uma coruja muito sábia. – disse o coelho Zás-trás, andando pra lá e pra cá com as duas patinhas da frente nos bolsos do macacão.
- E que bichos são esses? – perguntou a avestruz Maricota, pondo as asas na cintura e abanando o rabo.
- Ora, bolas! Os elefantes! Quem mais poderia ser? – era o leão Jubinha quem falava com sua voz de trovão.
A proposta foi posta em votação sendo aprovada por unanimidade. Quem iria falar com o rei dos elefantes? E se era para falar com um rei, que tal um outro rei? E os bichos elegeram Jubinha o seu representante. O leão, acompanhado do seu exército, partiu para o território dos elefantes. Eles não podiam parar nem para comer senão a Páscoa ficaria sem os tradicionais ovos de chocolate.
Chegaram com o sol se escondendo no horizonte para dar lugar às estrelas e lua cheia.
- Quem vem lá? – perguntou o elefante vigia dos portões do reino dos elefantes.
- É Jubinha, o rei dos leões. Preciso falar com o rei Trombino! É um assunto urgente. – respondeu o leão rei.
O vigia deixou seu posto e sumiu na escuridão. Minutos depois ele voltou e abriu o portão mandando que Jubinha entrasse com sua comitiva, acompanhando-os até a presença do enorme elefante marrom com uma coroa de marfim na cabeça.
- Que traz aqui o meu amigo rei Jubinha das terras dos leões vermelhos? – perguntou alegre o rei Trombino.
- Majestade, um sério problema está acontecendo e os coelhos estão precisando da nossa ajuda. Da ajuda de todos. Por isso eu estou aqui.
E relatou o problema ao rei Trombino, sentado no enorme trono de ouro e marfim. Depois que Jubinha terminou de falar, o rei deu a ordem:
- Que se apresente o general das tropas terrestres!
E apareceu um elefante fortíssimo com as presas de marfim brilhantes curvadas para dentro. Tinha, realmente, um porte de general de potente exército.
- Meu caro general Elefa, quero que escolha os melhores dos melhores soldados da tropa para uma missão importantíssima. – ordenou o rei Trombino.
- Majestade, que missão é esta? – perguntou curioso o general.
- Vamos ajudar a salvar a Páscoa das crianças. – respondeu o rei contando tudo ao general Elefa.
Feita a escolha dos soldados, partiram para a fábrica de ovos lá no coração da floresta de chocolate. Chegaram e logo em seguida pegaram no trabalho pesado. Ninguém reclamava. Os outros bichos revezavam-se entre embalar e colocar nas caixas a produção de ovos.
Os coelhos não sabiam como agradecer aos companheiros tanta solidariedade. Mas eles sabiam que cada ovo representava um ato de amor dos bichos pela raça humana.
- Ora, deixem os agradecimentos para as crianças. Aqueles sorrisos e aqueles gritinhos são as gratificações que esperamos. Nós estamos muito felizes em poder ajudar. Poder fazer a nossa parte neste nosso mundinho. Embora sejamos bichos imaginários e ainda por cima de chocolate, temos sentimentos. – disse o general Elefa piscando o olho para Jubinha e, aproveitando a saída da fôrma de um ovo de bom tamanho, pegou-o com a tromba e, glub, o engoliu rapidamente.
- E assim foi salva, naquele ano, a Páscoa das crianças pelos bichos que pensavam como gente e tinham atitudes de gente.
- Vovó, então esta história aconteceu na floresta de chocolate? – perguntou o menino para a sua avó.
- Sim, meu filho! Na páscoa tudo é de chocolate, até as histórias. – respondeu sorrindo a vovó que terminou a narrativa dizendo:
- Feliz Páscoa a todos e, em especial, para as crianças. Que elas cresçam felizes e solidárias como os bichos desta história e, como eles, façam a sua parte no mundo para que ele seja melhor. Que elas saibam que estão nos planos de Deus para fazer da Terra um paraíso.
24/03/07.
(Maria Hilda de J. Alão)
(histórias que contava para o meu neto)
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