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O MORTO (histórias que o povo conta)

Jacinto trabalhava até tarde da noite. Seu turno, na fábrica, terminava por volta das vinte e três horas. Era cansativo. Às vezes tinha vontade de faltar ao trabalho, dormir um pouco mais. Não podia. Tinha mulher e cinco filhos para sustentar e qualquer centavo descontado do seu salário era um desfalque e tanto...
De manhã tomava o ônibus para ir trabalhar. Quando o dinheiro terminava Jacinto ia e voltava do trabalho a pé por uma estrada pouco movimentada e de iluminação precária que ligava seu bairro ao local onde estava instalada a fábrica.
Nessa estrada ficava o cemitério e mato de um lado e de outro, onde os marginais se escondiam para assaltar as pessoas que por ali passassem. Eram comuns os casos de assaltos, mortes, estupros. A polícia sempre dava umas incertas no local para assustar a marginalidade.
Quando precisava utilizar a estrada, Jacinto caminhava com o coração na mão. Algumas vezes tinha a companhia de um colega que morava no mesmo bairro, mesmo assim rezava para todos os santos, pedia proteção, lembrava da mulher, dos cinco filhos e da mãezinha velhinha. Rezava, rezava muito.
Naquele dia um colega de Jacinto, que fazia o mesmo turno, chegou com a notícia: “Sabem, ontem uma dona foi assaltada e morta, bem em frente do cemitério...”
O coração de Jacinto bateu forte, ele ouvira falar do acontecido quando fora à padaria. Logo hoje que está chovendo e, ele sem dinheiro, teria de ir a pé pela estrada... Tremeu só em pensar.
Nesse momento entrou o chefe da seção anunciando que o turno se estenderia até a zero hora e que não queria saber reclamações pois eram ordens da Diretoria.
As horas corriam e o momento da saída se aproximava. Tocou o sinal. Jacinto olhou o relógio: zero hora.
Os operários estavam indo embora. Jacinto, na porta da fábrica, coração apertado, orava silenciosamente para enfrentar a jornada até a sua casa.
O último colega lhe deu “até logo mais” e Jacinto perguntou: “vai pela estrada?” “não – disse o amigo – hoje vou de ônibus, além da hora, a chuva vai apertar.” “É, fazer o quê.
– pensou.
Vestiu a capa preta, capuz na cabeça e, com o pensamento no Filho de Deus, pôs o pé na estrada. Seriam, mais ou menos, uns quarenta minutos de caminhada solitária.
Quando estava quase perto do cemitério, saiu do mato um homem alto e forte com um gorro enterrado até as orelhas. O coração de Jacinto acelerou. “Boa noite amigo! Moras por aqui?”
Jacinto, gaguejando, respondeu: “sim...sim senhor.”. A essa altura da conversa eles já
estavam quase emparelhados com o portão do cemitério, quando o estranho perguntou: “E não tens medo de andar por essa estrada?” - ao que Jacinto, numa inspiração celestial, respondeu: “Quando eu era vivo tinha.” O estranho saiu em desabalada carreira entrando na primeira trilha do mato que encontrou.
No dia seguinte correu pelo bairro a notícia de que a polícia havia capturado o autor do crime ocorrido em frente ao cemitério, escondido no mato, muito assustado e dizendo aos policiais que havia falado com um morto... jurava...um morto vestido de preto.

Maria Hilda de J. Alão

 
   
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