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O GNOMO VERDINHO

Um homem andava pelo jardim da sua casa olhando as plantas e as flores quando viu, no galho de uma árvore, um casulo.

- Nossa! Que coisa feia! – exclamou, já levantando a mão para jogar o casulo no chão e esmagá-lo com o pé. Neste momento ele ouviu uma voz fininha que o chamava.
- Moço, moço!
Com a mão suspensa no ar ele procura o dono da voz. Não viu ninguém. Outra vez o chamado.
- Moço, eu estou aqui no galho da roseira.

Ele se virou, e lá estava sentado no mais forte galho, apoiando o corpo no terceiro espinho, um gnomo verdinho com um sorriso bondoso estampado na cara.

- Quem és tu criatura esquisita? – perguntou espantado.
- Sou um gnomo de jardim – respondeu a criaturinha.
- O que faz um gnomo de jardim?
- Eu protejo as plantas e os bichinhos que moram nelas.
- E o que é que eu tenho com isso?
- Nada, moço. Eu reparei que você ia destruir o casulo e...
- É uma coisa muito feia e o bicho que mora aí dentro deve ser horroroso. – disse o homem interrompendo o gnomo.
- Agora ele é feio.
- Que quer dizer com agora? – questionou o homem.
- É que está chegando a hora do milagre, da explosão da beleza. – respondeu o gnomo verdinho irritando o homem.
- Ora, deixe de besteira! Uma coisa feia como esta será sempre uma coisa feia. Não há milagre que possa mudar isto.
- Bem se vê que você não conhece a natureza. – insistiu o gnomo – Que tal você voltar a este jardim antes de o sol se esconder?
- E por que eu faria isto?
- Venha! Valerá a pena, eu garanto. – afirmou o gnomo.

O homem foi para casa pensando que, por causa da conversa com o gnomo, ele se esqueceu de arrancar o casulo do galho. Antes do sol se esconder o homem chegou. O gnomo estava a sua espera com o seu sorriso no rosto.
- Oi, moço, eu estou aqui no mesmo lugar!
- Então, o que é que vai acontecer agora? – perguntou, impaciente, o homem.
- Sente-se e fique olhando aquela coisa que você acha feia, e por pouco não acabou com ela.

O homem sentou. Ficou olhando para o casulo no galho da árvore. O gnomo dizia:
- Preste bem a atenção. Olhe com a alma. Pensamentos puros para participar do milagre.

O casulo começou a se abrir, bem devagarzinho, quase não dava para se perceber. De repente: Bum! O homem ficou extasiado quando se deu a explosão e de dentro daquilo saiu uma maravilhosa borboleta de asas azuis com detalhes dourados e negros. Ela voou. Não era um voo, era a dança da vida com evoluções que eram verdadeiras preces de agradecimento.
O homem estava encantado, até ouviu, no bater das asas da borboleta, um hino de louvor cantado por seres invisíveis, os anjos do jardim. Ficou imaginando que se ele tivesse esmagado o casulo, jamais veria um espetáculo como aquele. Não sentiria aquela emoção, a emoção de ver uma vida desabrochar. Neste instante, interrompendo os seus pensamentos, o gnomo disse:

- Viu como é a natureza? Ela é sábia. Faz coisas que a mente humana não é capaz de entender.
Enquanto o gnomo falava, apareceu uma revoada de borboletas, em torno do homem, como um presente por ele não ter destruído um ser da natureza. Ele, de braços abertos, rodopiou junto com as borboletas.
Virou criança. O gnomo ficou feliz por ter ajudado o homem a entender a importância de todos os seres na natureza. E voltou para a sua casinha na árvore com a certeza do dever cumprido.

15/06/06.

Maria Hilda de J. Alão.
(histórias que contava para o meu neto.)
https://hildaalao.blogspot.com

 
   
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