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CONCERTO PARA UMA FORMIGA Uma formiga tinha como vizinha uma cigarra cantadeira. Ela passava o tempo todo viajando com sua violinha presa nas costas por um cipó fino. À noite voltava para casa cansada e ia logo dormir. A formiga trabalhava o dia inteiro suprindo sua casa de comida para se alimentar durante o inverno. Um dia a cigarra chegou mais cedo em casa e viu a formiga carregando uma folha, bem maior do que ela, para dentro da casa.
- Olá vizinha! – exclamou a cigarra. – Ainda trabalhando?
- Sim. Preciso me preparar para o inverno que vem aí. Haverá muita neve e eu não poderei sair para procurar alimento.
- Bem, como eu cheguei mais cedo gostaria de cantar para a vizinha. Pode ser?
- Pode sim. – respondeu a formiga sem parar o seu trabalho.
E a cigarra cantou e tocou sua violinha lindamente. Terminado o trabalho de guardar as folhas na sua casinha, e como a cigarra continuasse a cantar, a formiga se pôs a ouvir atentamente o canto. Era um verdadeiro concerto.
- É lindo demais. – disse a formiga – Eu nunca parei para ouvir música. Não sabia que era tão maravilhosa. Agora eu pergunto a você, amiga cigarra: já se preparou para o inverno quando não puder voar por aí por causa do vento, da chuva e da neve? O que comerá? Como se esquentará quando estiver tiritando de frio nas noites geladas?
- Sabe que eu nunca pensei nisso, amiga.
- Pois devia. Cantoria é coisa boa, mas não enche barriga nem aquece o frio. Quem não pensa no amanhã chora.
- Mas a amiga pode me socorrer num momento de aflição, não pode?
- Posso, sim, a começar de agora. Como ainda há luz do sol, vou ensiná-la a trabalhar para suprir a sua casa e ficar prevenida. Todo o dia, pela manhã, sairemos juntas para labutar e, à tardinha, você cantará para mim. Certo?
E assim fizeram. O inverno chegou. A formiga não tinha com que se preocupar. A fartura reinava em sua casa. A cigarra, como seguiu o conselho da amiga, também não tinha preocupações com a fome e o frio. Quando a noite caía e a neve forrava o chão de branco, a cigarra, na sua casinha confortável, cantava e tocava a sua violinha alegrando a vizinha formiga que aprendeu a dosar trabalho com um pouco de diversão.
07/01/22
(Maria Hilda de J. Alão)
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