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O resilido do Sertão – em confissões sertanejas!

Insólito, esse naco de Sertão tange seus achaques: homens, bichos, pedras, pés de pau..., em resiliência eternal!
Sertão no qual até mesmo as pedras sofrem as agruras da inclemência do sol: O Sertão está de querer arremedar os infernos! Isso pela quentura “castigenta”; isso pelo cáustico que tem essa quentura: – Por certo que não é coisa de Deus! – Esses são os ditos dos que aqui cravam as suas sertanejas existências.
Quando ressequido em longas estiagens, esse Sertaozão destrambelhado é só martírio. Um sofrer sem fim! Um penar de almas que se atropelam na cata de alívio para a fome e para a sede e para refocilamento espiritual!
Os pobres dos viventes, nem bem nascem já são padecentes da seca! Leite no peito da mãe? ..., é u’a desfartura! Aí são criados, os bacuris, com papa de farinha de goma de mandioca – quando se tem: engrossante que é enfiado guela abaixo dos bacuris com o dedo indicador.
Mas a seca não é o maior afligidor desses Sertões. Os flagelos são muitos e tem aquele que são mais inquietantes. Entretanto, a seca, entre os muitos infortúnios, quiçá seja o que mais se entranha na alma do sertanejo: que mal vive e que morre de jeito mais pió.
A seca, é o Sertão escritinho!
Sertão que mal se aguenta com tantos incômodos e com tantos males e com tantos mal-estares e com tantos afliges, mas..., no frigir dos ovos, o Sertão é um tudo! ...
..., um pau, uma pedra, um estrepe, um toco, um prego, uma ponta, uma sina, a fadiga, a ave-bala perdida..., é uma faca, é um punhal, é a morte acertada desvirada em ladainha; mortalha de macambira; sepulcro de gravatá; rosário de juremeira..., tem o incomodado do sol que mais parece pirraça! Quente que só o cabrunco!
Vez ou outra, umas nuvens vadias..., e o mormaçado nas vistas perpetuado; vez por outra, viração cigana que se desvira em nada: tal como veio, se vai, lerda e preguicenta!
No mais das vezes, é ave no céu, carniça no chão, caminhos tortos, riachos secados, ponte-pinguela, cancelas e uma canseira sem findo! ..., e o Sertão se esvaindo em vida e em morte e em padecer!
Tatu bola se fecha; inambu pia e é respostada por outra; juriti se espanta e um gavião peneira no ar; um teiú danado a zanzar pelos “ossos secos dos pés de pau mortos!” ...
Sai tatu peba da toca; cobra verde se alvoroça a fugir; macaco prego se põe de esguelha; umas veredas falsas cabriolam as caatingas...
Isso é o Sertão! Nos seus confins e nas suas agruras, a essência da vida sertanejada!
Vem aragem leste desconchavada em pé de vento e os sapos ensaiam um coaxar mofino..., e vem o dia se desmanchando em noite, entroncado com o persistir da existência que se esvai em passar lerdoso.
Um viver desenxabido, em pelejar desmedido!
Por que tanto sofrer? Por que tanta desventura? Por que tanto desatino? Por que, o Sertão, contrário à razão, perpetra aos seus viventes um existir que mais é padecer?
Deus parece que se esqueceu dos que aqui se encravam, nessas caatingas infestas, nessas locas de pedras que mais esconde bichos que esperança, nesse persistir de afliges intentando subsistir! ...
..., uma vaca muge, um touro resfolega após cheirar o xibio de uma novilha – o primeiro cio se aproxima; a novilhada se alvoroça no treinar os chifres em cabeçadas desconexas; as crias pequenas – cabras, carneiros, porcos... – se amontoam nas beiradas das caatingas no raspar da vegetação rasteira secada pelo estio do tempo; a malhada semelha curral; o curral tutela a bezerrada apartada para a ordenha do dia vindouro.
No mais perto o aboio dolente de um vaqueiro engolido em couros, galopeando cavalo fogoso: entalhe taninado de cavaleiro e montaria. Cavalo e vaqueiro, tão ajuntados que são, até respiram com o mesmo jeito de respirar.
Um trago acrimonioso, de vida amargosa, que se alimpa o travo da goela com goles de cachaça.
Nesse mundo Sertão, o tempo é sem relógio! Se mede pelas sombras que faz o sol por riba das coisa. Não é medição acertada, mas quem, nesses confins Sertão, está envidado com o passar do tempo?! São guiado pelo dia e pela noite: pelo quando o sol se alevanta, ou tá no topo do céu e dá um esquentado sem tamanho, ou quando é morrente e um tantinho menos fogoso..., e tem o cantar dos galos que, mais ou menos, mede as hora de se alevantar!
No frigir dos ovos, o Sertão é Sertão!

 
   
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05/12/2021 08:37:56
1º lugar no concurso de literatura da Academia de Artes do Rio Grande do Sul!
Comentado por: HÉLIO BACELARData Cadastro: 05/12/2021 08:37:56

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