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A mamadeira de manga e o coquinho da macaúba

Não sei exatamente quando, pois era muito pequeno, só sei que aprendi isso quando morava no meio rural no município de Borborema (SP) no início dos anos 60 do século passado. A meu ver, trata-se de um aprendizado extremamente útil, algo que se aprende quando se mora no sítio: como chupar manga sem se lambuzar, aproveitando o máximo da fruta, sem o auxílio de facas e garfos. A cidade passa ao largo de tais conhecimentos, pois, principalmente nos dias de hoje, encontra-se muito distante da natureza e dos seus ciclos naturais, incluindo aí o conhecimento sobre a época de cada fruta. No caso da manga espada, que considero a mais saborosa, mas que tem o inconveniente do excesso de fiapos, considero que o método é o mais adequado.

O método é bem simples, simples mesmo, denominei-o MAMADEIRA DE MANGA, é assim: 1) pegue uma manga bem madura, quanto mais madura melhor; 2) amasse-a com relativa delicadeza para que a casca não se rompa; 3) faça um furo na extremidade posterior, o suficiente para que o caldo saia; 4) chupe o caldo pelo orifício; 5) continue amassando, delicadamente, e chupando enquanto notar que ainda existe polpa chupável. Funciona e quando terminar, o caroço pode ser dispensado com a casca. Todavia, quando criança, mesmo quando adotava o método, não dispensava o caroço e aí lambuzava-me todo. Não tenho na memória lembranças de não chupar o caroço. Chupar o caroço da manga é pura diversão, ou não?

Outra fruta que me atraía muito no sítio era a macaúba. Trata-se de um coco que possui uma saborosa polpa amarela, com uma castanha mais saborosa ainda. A macaúba é uma palmeira do cerrado, muito comum nos pastos e nas matas do interior do Estado de São Paulo. Trata-se de uma planta bonita e altamente produtiva, cuja castanha, além de deliciosa, por conta do alto teor de gordura, pode transformar-se em biodiesel.

Quando menino, eu era um viciado em coquinhos de macaúba. Vivia pelos pastos a cata de cocos e sempre encontrava muitos, praticamente todos os dias. Extrair as castanhas era muito simples, bastava um martelo e uma superfície dura para quebrar os coquinhos, só isso... Na minha infância, a última vez que comi macaúba no sítio foi inesquecível porque também foi uma experiência muito dolorida. Olha a macaúba aí, gente!

Às vésperas de mudar-me do meio rural borboremense, eu estava quebrando macaúbas no quintal em cima de uma pedra, que estava colocada próxima do meus pés. Estava agachado, solitário, quebrando cocos e devorando-os em seguida, uma atrás do outro. Num dado momento, errei a martelada e acertei o meu dedão do pé esquerdo. Ainda hoje tenho a memória da dor. Mudei-me para Americana (SP) alguns dias depois. A unha enegrecida foi cair na minha nova cidade.

Na minha infância, voltei apenas duas vezes a Borborema e, é claro, comi macaúbas. Depois disso, só depois dos meus trinta anos de idade, saboreei novamente as castanhas memoráveis. Da vida no campo, que ficou muito distante no tempo, guardo recordações muito agradáveis. Entre elas, as relativas às mangas espada chupadas na forma de mamadeiras e às dos coquinhos da macaúba, extraídos a marteladas, um a um, ocupam lugares especiais nas prateleiras da minha memória.

 
   
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