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A ESTÚPIDA CONSEQUÊNCIA As batidas do meu coração
Tomavam conta do meu corpo inteiro,
Ecoavam pela minha alma,
Era o medo percorrendo todo o meu ser.
Sentia a testa molhada pelo suor,
Meus braços paralisados,
Minhas pernas trêmulas.
Nem arriscava a me mexer,
A sair do lugar.
Fiquei entre o guarda roupa e a parede, espremido,
Esperando e rezando para não ser achado, apanhado,
Preso, assassinado, esquartejado.
Qualquer barulho que meus ouvidos
No limite sensível da audição escutavam,
Meus olhos reviravam-se de tal maneira,
Que faltavam subir para dentro da testa.
Eram duas pequenas luas apavoradas
No meio da escuridão do quarto,
Eu não estava aguentando mais.
E quando parecia que eu iria ser encontrado,
E quando parecia que eu iria ter um infarto,
Tudo foi cessando, fui melhorando,
Criei coragem e acendi a luz.
E nas pontas dos pés
Como um bailarino
Olhei todos os cômodos da casa.
E como não havia mesmo ninguém, retornei,
Fui direto na direção do criado mudo.
Era ali que estava a policia,
Era ali que estava meu assassino,
Meu esquartejador.
Era ali que estava à razão de todo o meu temor,
De todo o meu suor, paralisia e tremedeira.
Um saco, sim apenas um saco,
Um saco, um prato e um pó branco.
E por incrível que pareça continuei,
Dei sequência,
Voltei a sentir a paranóia,
A estúpida consequência
Da minha convivência absurda e abusiva com a droga.
Um dia ainda numa dessa meu amigo,
“Eu acabo batendo as bota”
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