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Fascinante (T431) Como era boa aquela vida lá no sítio de meu vô, o vô Lau, como era conhecido pelas redondezas, um homem de princípios e de muito caráter, tanto que muitas pessoas pediam conselhos para ele, e os que seguiam incrivelmente se davam muito bem, pois em seus conselhos procurava ser sempre justo o que talvez fosse o seu segredo.
Lembro das manhãs, acordava bem cedo com aquele cheiro de cafézinho que só a minha vó sabia fazer, saía da cama pois adorava ir com ela tirar o leite para um farto café da manhã, como muitos que tomei e hoje não vejo mais, era gostoso, e meu vô fazia questão que na hora do café estivessemos todos reunidos, abaixávamos a cabeça e fazíamos uma oração agradecendo.
Logo que terminávamos lá ia eu desbravar aquele mundo fascinante dos campos que contornavam o sítio de vovô, era uma região rica em belezas naturais, e o que mais me fascinava era a grande cachoeira que lá tinha, a água super gelada mas uma delícia, águas tão limpas e cristalinas, um local para repor toda a energia com a benção dessa mãe natureza, ficava lá até a hora do almoço quando escutava o som do berrante do meu avô, pois só assim escutava o chamado. Quando me aproximava já sentia aquele cheiro delicioso da comida simples do fogão de lenha, feito com tanto carinho que você comia como se fosse um manjar dos deuses.
Acabava de almoçar e já ia em direção à casa de Dona Consuelo, uma senhora que adorava receber as crianças da região para contar seus causos, e não sabia de onde tirava tantas histórias sem repetir nenhuma, sempre nos recebia com seu famoso doce de goiaba junto com um queijo que ela mesmo fazia, era uma coisa de louco, passávamos até mal de tanto que comíamos, não tinha como resistir.
No final da tarde saía da casa de Dona Consuelo e subia a colina ali perto do sítio mesmo, lá em cima sentava na grama macia e olhava para o horizonte onde contemplava o por do sol, onde o céu avermelhado começava a dar lugar ao manto negro da noite com suas constelações e uma magnífica lua, uma pintura que me dava a certeza da existência de Deus.
Alexandre Brussolo (05/10/2009)
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