Vive na espera e anseia por grandes mudanças em sua vida
e geralmente se indigna pela demora onde nada acontece.
Reclama aos quatros ventos que não tem tempo para descansar,
mas ao longos dos dias faz do descanso o primordial para sua vida.
Vive de braços cruzados e em passos cadenciados bamboleia
da porta para a janela esperando que desabe uma borrasca
ou uma simples chuva que o impeça de se movimentar.

Quando sai permanece aportado nas esquinas em inúteis trelelês
ouvindo conversa fiada sobre gente folgada que sem mesmo esperar receberam um golpe de sorte onde a providência divina lhe despejou
um saco de moedas de ouro por cima. Fome chega a passar,
anda tísico, pois bebe litros de cachaça e amarelado está a definhar
e quando alguém apiedado lhe chama, - venha aqui me ajudar
que eu lhe pago e ainda lhe dou uma sexta básica.
Rapidamente a proposta descarta com desculpas
bem argumentadas, se encontra doente, sofre com dores na coluna
e não dispõe das forças necessária para alguma coisa carregar.
Antes que o bom samaritano possa insistir depressa se faz ao largo,
pois já está bem atrasado para os “amigos” encontrar, foi marcado
um banho no rio e após uma roda de capoeira na praça da cidade.
Tudo isto dá uma canseira danada e a noite está a se aproximar
precisa se aligeirar, aproveitar com bravura os últimos raios solares
para passar no pomar do vizinho e algumas laranjas apanhar,
laranjas madurinhas são gostosas e servem de um ótimo jantar.

Depois, bem, depois, como já tomou banho à tarde no rio
é só deitar em uma tarimba quase apodrecida,
estendida com panos sujos e surrados
e aproveitar a noite para descansar.


Elio Moreira - Torres - RS OPB - Brasil