Rio, 11-12/102011.

Quem dera que houvesse
Quem dera que tivesse
Quem dera fosse real
Quem dera fosse fanal
Quem dera fosse rústico
Quem dera fosse acústico
Quem dera ter tempo
Quem dera ser vento
Quem dera ser nada
Quem dera não haver marmelada.
Quem dera não haver pardais
Quem dera amassem mais
Quem dera fossem patriotas
Quem dera não fossem idiotas
Quem dera fossem filhos
Quem dera andassem nos trilhos
Quem dera fossem perfeitos
Quem dera fossem direitos
Quem dera tivessem coração
Quem dera amassem a Nação.
Quem dera não fosse só retórica
Quem dera não fossem políticos
Quem dera fossem só analíticos
Quem dera fosse eclusa histórica
Quem dera fosse da Lei o inciso
Quem dera não fosse preciso
Quem dera não chorar toda vez
Quem dera haver Lei pra Lei.
Quem dera saber o que não sei
Quem dera não sofrer todo mês
Quem dera ao salário vinculado
Quem dera não fosse espoliado
Quem dera tivessem vergonha
Quem dera não fossem firulas
Quem dera acordasse o povo que sonha.
Quem dera Gigante Adormecido
Quem dera as mentiras não engulas
Quem dera não tivesse apodrecido,
Fedido,
Perdido
O caráter
Na corrupção,
Na contramão
Da moral.
Quem dera fossem brasileiros,
Não paroleiros,
Não bastardos...
Quem dera, afinal,
Tivessem coração verde-amarelo
E não fossem como animal
Que se alimenta com farelo,
Pois nisso já sinto lamas
Em escondidas tramas
De verdades escusas,
De um ar marinho
Que cheira. Ó meirinho!
Todas as Leis inclusas!
Põem na cela fria os tais,
Esses vermes. Animais!
Limpe a Nação do bicho nojento.
Já não aguento!
Estou passando mal!
Vivo uma quimera!
Na consciência põe sal!
Quem dera!
Quem dera!
Quem dera não fosse real...
Quem dera fosse filme de ficção
Para entristecer o coração
Quem dera!...
Quem dera!...
Fosse um 1º de abril
Quem dera... Brasil!

SEDNAN MOURA