|
MarinaMarina chegou para trabalhar às oito da noite, como sempre fazia. O trabalho num bordel era audacioso, mas, cansativo. Não é fácil para uma garota de programa aturar clientes bêbados querendo sexo por uns trocados. Porém, nesta noite houve uma diferença incisiva.
Um homem estava sentado junto ao balcão do bar. Cabelo grisalho e elegantemente vestido. Marina não se importou com o mesmo assim que entrou no bar, pois, ainda era cedo para começar as suas atividades. Sentou um pouco próximo e conversou com o seu amigo atendente do bar lhe perguntado: “Quem é este homem elegante ali sentado” – Nunca esteve aqui antes. – Respondeu o seu amigo atendente. – Marina tentou ignorar, mas, algo lhe chamou a atenção. Um homem num bordel sentado bebendo uma cerveja e que não olhava para ninguém, nem mesmo para nenhuma mulher. O que estaria ele fazendo ali? Pensava ela.
Marina resolveu abordar aquele homem, já que ele não falava e nem prestava atenção em ninguém. Chegou ao lado e perguntou se poderia sentar ali junto a ele. O homem respondeu afirmativamente balançando a cabeça, mesmo sem olhar diretamente para ela. O que a deixou ainda mais intrigada.
Para iniciar uma conversa perguntou se ele lhe pagaria uma cerveja, o homem fez um sinal, um aceno para o atendente do bar e este assim que percebeu, veio em sua direção. – “Pois não senhor? O que deseja?” – “Providencie uma bebida para essa moça.” – Disse ele. – O rapaz prontamente trouxe uma cerveja e serviu a moça. Marina ficou meio sem graça, pois, o homem não lhe dirigia o olhar, estava sempre olhando para nada, e para ninguém.
“O senhor vem sempre aqui?” – Era a pergunta de praxe a fazer nesse momento. – O homem então a olhou nos olhos e disse: - “Você sabe que não.” – Disse ele. – Marina percebeu que aquele homem não seria mais um cliente comum de todas as noites. Então reagiu para quebrar o clima e tentar uma conversa mais amigável. – Vamos fazer um brinde? – Disse ela levantando seu copo. – O homem então falou. – “Não sou seu cliente moça, não perca seu tempo comigo.” – Disse ele. – Isso deixou Marina ainda mais sem jeito. – “Tudo bem.” – Disse ela e continuou. – “Certo, mas podemos brindar então a esta noite.” – “Sim, claro.” – respondeu ele. – “Qual é o seu nome?” – Perguntou ele. – Marina. – Respondeu. – Um bonito nome para um rosto bonito. – Disse ele. – Ela riu agradecendo. – O que o senhor faz da vida? E o que faz pra ser feliz? – Perguntou ela. – Marina não sabia, mas, aquela pergunta mudou sua vida completamente.
Ao ouvir a pergunta de Marina, o homem virou-se de frente para ela, olhou-a nos olhos e respondeu. – “Eu distribuo felicidade para as pessoas que precisam.” – Disse o homem. – Marina não entendeu e disse que não havia entendido. – “O que você precisaria pra ser feliz?” – Perguntou ele, e ela respondeu. – “Um bom trabalho diferente deste, uma casa simples para morar e uma família pra cuidar. – Disse ela. – “Bom, a sua família você mesma tem que encontrar, o resto posso providenciar. – Disse ele, retirando um cartão de visita do bolso e entregando para ela dizendo. – “Procure-me amanhã às nove horas neste endereço. Aguardo você.” – Disse isso, pagou a conta e antes de sair disse: “Não se desgaste muito essa noite, porque talvez esta seja a sua última noite nesse trabalho.” – Levantou-se e foi embora.
Na manhã seguinte Marina estava temerosa e com a dúvida se procurava o tal homem ou não. No cartão estava escrito o nome dele com uma palavra abaixo do nome: “Diretor”. O endereço era de uma rede de lojas e supermercados. Marina então resolveu ir porque não tinha mesmo nada a perder.
Ao chegar naquele endereço do cartão, viu que era uma luxuosa loja de roupas e acessórios femininos. Dirigiu-se a uma atendente e questionou sobre o tal homem. A atendente então lhe perguntou: “Você é Marina?” – “Venha, vou levá-la ao escritório, ele chegará daqui uns dez minutos. Você trouxe seus documentos? – Não. – Respondeu Marina. – “Bem, vamos precisar deles para sua contratação.” – Disse a atendente. – Marina então caiu em si, ficou tremula, suando frio e não querendo acreditar que aquilo era mesmo verdade.
A moça levou Marina até o segundo andar da loja onde havia um luxuoso escritório. A secretária a recebeu com flores dizendo. - “Seja bem vinda a nossa empresa, Sente-se aqui que o Senhor Saad vai atendê-la em alguns minutos.” – Marina sentou-se e ficou pasma. Pelo interfone a moça comunicou que Marina já estava na ante-sala a espera. Cinco minutos depois o interfone tocou, a moça atendeu, ouviu uns minutos e disse: “Sim senhor, pode deixar, vou providenciar tudo.” – “Você pode entrar agora.” – Disse a atendente conduzindo-a a porta de entrada do escritório.
Ao entrar, lá estava o tal homem da noite anterior, muito bem vestido a atendeu com um sorriso. – “Que bom que você veio. Está pronta pra mudar de vida? – “Sim.” – Respondeu ela quase sem poder falar. – “Ótimo, leve este cartão ao departamento pessoal, lá você será informada do que precisa para seu novo trabalho como produtora de moda na nossa empresa trabalhe honestamente e com disposição. Daqui a seis meses você terá sua casa, mas, sua família você ainda terá que conquistar. – Disse ele acompanhado-a até a porta de saída.
Um ano e meio depois Marina estava casada com um dos gerentes da loja e grávida. Adivinhem quem foi o padrinho do casamento. Essa foi a história de Marina, uma ex-garota de programa que conheceu algo inesperado em sua vida, a solidariedade.
Charles Silva
|
|