Rio, 01/04/99.

Ser brasileiro é:
Viver num país imenso
Ter o que não penso
Viver sob um real
Ver a mulher do lar
Que anda a comprar
Alimentando-se do virtual
Dando aos filhos promessas
De bons dias que virão
Enchendo o estômago do coração
De palavras e mais palavras
Fartas de “boas intenções”
Que às vezes mexem as emoções
Daqueles que olham e não vêem
Do que como moço perfeito
Alardoa em altíssimo som
Falando do nosso direito
Do lar, o amor estreito
Do verde, o campo bom
E a terra que está rachada?
Faremos enverdecer, dizem
Será um excelente jardim!
E o homem que vive lá
Chorando diz: ai!.. ai de mim!
Meu boi está morrendo
Meu lago se secou
Minha esperança se desfazendo
E só o pó me cercou.
Queria que no jardim do palácio
Chovesse e fizesse filhos brotar,
Nesta amada flor do lácio,
Que tivessem no coração esta terra
Cheios de viçoso e florido amor
E por mais mal que houvesse lá fora
Não nos alcançaria a nenhuma hora
E os outros filhos se levantariam em estupor
Desejosos por este amado chão,
Cobiçando no fundo do coração,
Tendo a alma ardendo por inteira
Para ser um filho da Nação brasileira.
Mas os que vivem em colarinho branco
São os paridos dos grávidos partidos
Que sobem num elegante tamanco
E ocultamente descem às prostituições
E geram filhos de espúrias intenções.
Quem dera estes descessem logo ao pó!
E o partido fosse a Nação por si só
E todo o povo em retumbante dó
Entoando aos quatro ventos,
Cheio de amor pátrio e alegrias mil
Oh! Pátria Amada! Terra Adorada!
És tu, em minha alma, Brasil!...

SEDNAN MOURA