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Descrição:
Mikhail Botvinnik foi na minha humilde opinião, o cientista do xadrez. Dono de um estilo arrojado e criativo, estudava o xadrez por amor ao jogo. Desenvolveu teorias novas e transformou a forma de se jogar xadrez.
A
morte de Alekhine atirou o mundo do xadrez no caos. O sistema informal anterior
não podia lidar com essa indesejada eventualidade. Apesar de Euwe poder
requerer moralmente o direito ao título, ele generosamente permitiu a
participação da FIDE. A FIDE existia
desde 1924, mas não tinha poder para modificações por causa da mais forte nação
enxadrística, a União
Soviética, que se recusava a participar das competições.
Após a morte de Alekhine, entretanto, a União Soviética se uniu à FIDE para
poder participar do processo de seleção do próximo campeão. A FIDE organizou um
campeonato em 1948,
parte em Haia e
parte em Moscou, envolvendo os
cinco melhores enxadristas do mundo: Mikhail
Botvinnik, Vasily
Smyslov, Paul
Keres, Samuel
Reshevsky, e o próprio Max
Euwe(Reuben
Fine também foi convidado mas declinou). Botvinnik
venceu com larga margem e, desse modo, o campeonato continuou sendo organizado
pela FIDE.
No
lugar do sistema informal, um novo sistema de torneios qualificatórios foi
implementado. Os mais fortes enxadristas participariam de torneios interzonais,
dos quais participariam também os enxadristas qualificados em torneios
zonais. Os principais finalistas desses interzonais
participariam do Torneio de Candidatos,
que seria inicialmente um torneio, mas passou a ser um sistema eliminatório. O
vencedor do Torneio dos Candidatos iria então disputar uma série de partidas
com o atual campeão (que não participava deste processo qualificatório). Se o
campeão fosse derrotado, ele teria o direito de se juntar ao seu sucessor e ao
futuro desafiante, na próxima disputa do título (em 1957, esta regra foi mudada
para permitir que o campeão derrotado disputasse uma revanche um ano após sua
derrota). Este sistema tinha um ciclo de três anos.
O
vencedor do Campeonato de 1948, Mikhail
Botvinnik, foi presença constante nas disputas de títulos
por mais de dez anos. Sua marcada longevidade no topo é explicada pelo fato de
ser um estudioso incansável. Dizia-se que ele aperfeiçoou o jogo com se fosse
uma ciência e não um esporte, através de sua ênfase na estratégia sobre a tática. Esta
longevidade é ainda mais impressionante considerando o fato que ele teve seu
auge durante a Segunda Guerra
Mundial, durante o qual competições de xadrez foram
suspensas, e ele foi ainda o primeiro campeão forçado a jogar com todos os seus
desafiantes. Talvez o mais memorável é que ele não era um enxadrista
profissional, mas um engenheiro decorador de negócios.
Botvinnik
defendeu com sucesso seu título duas vezes nos primeiros seis anos,
segurando David Bronstein em 1951 e Vasily
Smyslov em 1954.
Ambas as disputas terminaram empatadas em 12-12 mas Botvinnik manteve o título
por ser o atual campeão. Entretanto Smyslov, venceu o título em 1957 por
um placar de 12.5 – 9.5, apenas para perdê-lo no ano seguinte novamente para
pelo placar de 12.5 – 10.5. Na época, Smyslov teve o dúbio prazer de ser ter o
menor reinado de campeão mundial, mas esta honra brevemente trocou de mãos,
para o Mágico de Riga, Mikhail
Tal.
A
ousadia de Tal e seu estilo de sacrifícios o levou ao sucesso em 1960,
sobrepujando Botvinnik pelo placar de 12,5 – 8,5. Mas mais uma vez, Botvinnik
não foi contido, e recuperou seu título no ano seguinte numa revanche, pelo
placar de 13 – 8, depois o qual Tal ficou doente. Botvinnik certa vez disse:
"Se Tal aprendesse a se programar adequadamente, ele teria sido impossível
de vencer." Infelizmente, ele não foi, e muitos acreditavam que Tal nunca
seria capaz de viver todo o seu potencial. Ele permanece até hoje como o
campeão de menor reinado.
Botvinnik
viria a jogar apenas mais uma partida de campeonato mundial, contra o armeno Tigran
Petrosian, perdendo de 12,5 – 9,5. Não houve revanche,
porque a FIDE havia abolido a esta regra. Botvinnik então se retirou dos
campeonatos de xadrez (e se retirou de jogar ativamente também em 1970) se
ocupando então com xadrez por computador e
a criação de sua famosa escola de xadrez. Petrosian defendeu com sucesso seu
título em 1966 contra Boris
Spassky, vencendo por uma pequena margem (12,5 – 11,5)
em Moscou.
Três anos depois entretanto, mais uma vez em Moscou, ele perdeu de 12,5 – 10,5
para o mesmo desafiante.