Aborto Negligenciado
Feto que ali vive, de incertezas se alimenta,
vieste em hora errada, na corrida sem chegada,
semente na terra impura, dolorosa morte lenta,
estás com a mulher incerta, sua esperança é violada,
indefeso e inocente, tu não tens culpa de nada.
Agonizando encontras, no viver da opressão,
amor não recebeste, pois te acham corpo estranho,
seu mexer é desprazer, tratando-lhe com repreensão,
sua vinda é reprovada, sua falta é de bom tamanho.
O momento está chegando, está na hora da consumação,
lágrimas escorrem, vão à busca do perdão,
o seu anjinho lhe guia, com amor e afeição,
espera uma nova chance, no espetáculo que é o nascer,
roga para encontrar uma nova chance de viver.