As sobras do mundo
As sobras do mundo
A mão que acalenta o filho, pendurado no peito, num canto da calçada é a mesma que estende para pegar as sobras do mundo.
Alguns passam e são indiferentes, outros olham penalizados e esquecem, enquanto olham uma vitrine iluminada. Os mais compassivos oferecem uma moedinha... e a mãe ainda acalenta o filho, transformando o seu próprio sangue em alimento, seu corpo em aquecedor e seus gemidos em canções de ninar.
Sua mente não idealiza, não sonha. Não tem dentro de si a vulgaridade do cotidiano, que aniquila os fracos. Não tem o perfume das flores; apenas uma verdade em forma de anjo em seus braços: A FACE DE DEUS, A FORMA DO AMOR.
E assim ela tenta, com as mãos estendidas, absorver para si, as sobras do mundo.