Efuturo: ESPELHO

ESPELHO

Se chorei o que fui
hoje você chora também,
então o meu choro se dilui,
isso é bom? Não sei...
Mas e nós
o que somos?
Quem é nosso grito
e a nossa voz?
Sou palhaço da ribalta?
Ou trapezista
com medo da plataforma alta?
Nada disso meu senhor!
Sou artista!
Da vida equilibrista,
sou a lágrima que escorre
no sonho da criança que morre,
e ninguém se incomoda, nem socorre!
É só porrada e relho!
Serei meu próprio espelho,
na casa sem teto, sem porta,
quem se importa?
Estou removendo essa palidez
da minha sofrida tez,
sair e vestir o branco da paz,
não quero mais esse tom vermelho,
cansei de trocar a esmo
quero ser eu mesmo,
ser andarilho
na linha da razão,
não sou contra o sistema
mas fiquei sem trilho,
fiquei sem brilho
sem viço, minha vida então...
Agora quero ser meu próprio lema...
Essa nuvem de fumaça
um dia acaba, passa,
porém, não se esqueça
é contramão, não tem direção,
um dia você acorda e cabelos prateados
denunciarão em sua cabeça
que a vida passou e você não viu,
você olha do lado, todo mundo sumiu...

e agora irmão?



25/04/07
poesia publicada no livro "Quem é esse ser?" lançado em junho/2010