TARDES DE OUTUBRO
Tarde de outubro,
é primavera
chegou à inspiração,
olho pela janela
o céu carrancudo,
chove miúdo
molhando a terra.
Molhando a grama
recém-cortada,
bem aparrada,
hoje tem um cheiro bom,
grama que vai de divisa a divisa
até o portão aonde eu espero
o meu amor chegar.
Antes da chuva
espalhei pela grama
restinho de pão,
é um barato
ver os sabiás comendo,
com um olho em mim
e o outro no gato.
Gato malvado,
anda de barriga cheia
e não perde o instinto,
jogo o sapato
vá caçar os teus ratos,
e deixe os meus sabiás
bicando pãozinho no chão.
Tarde de outubro,
chuva miúda
que não vai parar,
vou terminar o poema
está ficando frio,
preciso vestir uma blusa,
e tomar o meu café das três
com bolachas da vaquinha.