Efuturo: DIAS DE TRISTEZA (crônica sobre os dias  da atualidade)

DIAS DE TRISTEZA (crônica sobre os dias da atualidade)

Por Andrade Jorge
Os dias estão passando e o “frisson” ainda permanece efervescente para um grupo de pessoas, estou falando do assunto em pauta aqui e lá fora. Leio nas redes sociais certa intolerância do lado pró e contra, com um pouco mais de agressividade do lado esquerdo do embate.
A desobediência a uma determinação judicial seguido de um show com ares de pirotecnia, cujos autores manuseavam perigosamente a massa dita militante, que mais pareciam os “bate pau” do sindicalismo radical, poderia ser causa do derramamento de sangue de brasileiros contra brasileiros, porém inteligentemente a Policia Federal não entrou no jogo, permanecendo nos ditames legais, até poderiam ir pra cima. Fosse outro o desobediente a força do Estado se faria sentir, mas era um ex-presidente falastrão, porém com poder de convencimento adquirido nos palanques do “chão de fábrica” do ABC.
Estamos assistindo a história do Brasil sendo construída, tal qual assistiram o povo alemão nos dias que antecederam o governo de Hitler, somos plateia envolvida em qualquer que seja o resultado, como na Alemanha os dias aqui não são de alegria. O povo está assustado, há riso, choro, provocações, e como diz a letra da musica de Zé Ramalho: Vocês que fazem parte dessa massa/Que passa nos projetos do futuro/É duro tanto ter que caminhar/E dar muito mais do que receber/E ter que demonstrar sua coragem/À margem do que possa parecer/E ver que toda essa engrenagem/Já sente a ferrugem lhe comer (Admirável gado novo).
A minha tristeza vai além de uma pessoa, agora aclamada pelos seus pares como uma “ideia”, a minha tristeza tem outro nome “Brasil”. Nos últimos anos vivemos de turbulência em turbulência, foram dois presidentes “impixados”, um agora preso afundado em praticas escusas, e o único a sofrer tem nome sim: o povo! Que em sua índole é afável e ordeiro como manda os ditos da nossa bandeira, mas tal qual bicho acuado fica arisco.
Apenas para um entendimento didático a palavra político vem do grego “politikos” que se originou da palavra “polites”, que quer dizer cidadão, que por sua vez se originou de “polis” traduzido por “cidade”. Na sociedade grega a vida pública interessava a todos os cidadãos, os “politikos” eram aqueles que se dedicavam ao governo da “polis” colocando o bem comum acima dos interesses individuais. Historicamente, salvo raríssimas exceções, os “politikos” de hoje visam o interesse pessoal ou corporativo acima do interesse coletivo, do bem comum. A ética degringolou de vez, o vil metal virou a cabeça e coloca no rio do esquecimento o compromisso com o bem comum, é o retrato da atualidade de sempre.
Num pais com mais de 30 siglas chamadas partidárias, que se debatem no plano do jogo de quem vai levar mais, não há ideologia, não há olhos para os mais necessitados, não há plano de desenvolvimento duradouro, o que há é a saga dos piratas em conquista do ouro alheio, em rasgar o couro daquele que nem couro tem mais, de sugar o nosso oxigênio, de roubar as nossas ilusões e sonhos, até que sintamos “a ferrugem nos comer”. Somos os desvalidos sem Dom Quixote.
A Pátria mãe chora por seus filhos desgarrados, chora por uma terra devastada pela corrupção desbragada onde a violência faz escola nas mãos de bandidos armados com fuzil ou engravatados armados com a fala mansa e demagógica. Estamos nesse meio.
A educação básica é prevaricada, sucateada apesar do esforço destes sacerdotes do BaBa ainda chamados de Professores, sem educação o intelecto fica embotado não distingue racionalmente a demagogia da democracia, e é tudo que os manipuladores de massa desejam.
A Pátria está entristecida.

10/04/18
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