SESSENTA E OITO (anos da minha vida)
Por Andrade Jorge
O sino da velha Igreja
não repicou, mas era meia noite,
o ponteiro do meu relógio inquieto
deslizou para inaugurar mais um dia,
fiquei meio assim, meio afoito
afinal esse é especial
vem dizer dos meus sessenta e oito!
Mas que história vem contar?
Não, o sino não dobrou
e o vento da vida ciciando
rodopiando ao redor
retraiu a chama da vela,
luz débil na trilha da existência
levam passos indecisos
roçarem a beira do abismo;
No pano de fundo, na tela
escorrem cores mórbidas
fruto da inconsciência,
que gira em meu espaço,
e eu com meu lirismo
pergunto ao tempo: por que?
Onde estarei amanhã?
Serei verso não lido, repassado
ou um ontem esquecido?
Letargia, torpor...
Diga-me,
revele-me Senhor!
07/02/2018