EU, ESCRIBA DO NADA
Eu gosto de escrever. Coisa que vem de um passado onde uma carta ou um bilhete era capaz de aproximar corações. Sou de um tempo em que fazer um verso poderia significar um beijo no final da noite; quando cantar poderia significar muito mais que um beijo ao fim da serenata.
Eu gosto de me sentar à frente de um computador e deixar com que os dedos definam aquilo que eu tenho como sentimento. Invento, reinvento, reproduzo as sensações mais bobas que me passam pela cabeça. Falo o que penso e dificilmente reviso o que escrevo.
A tal ponto que ao fazer algumas compilações agreguei dois livros - pequenos é verdade, mas são livros! - a partir de pinceladas sobre assuntos diversos. "Em Teu Nome" é o cumprimento de uma promessa na Quaresma. "Dormir Pensando", bem.. este é um resumo das minhas "variadas" todo dia pela rede social. Falo o que penso e vou pra cama. Quase sempre. Na verdade, dormir pensando é um chamado à reflexão de nossas coisas diárias. São minhas e acabam se tornando de muita gente.
Sou um escriba do nada. São tantas as coisas que escrevo que acabam não tendo uma sequencia. Não escrevo um livro com enredo, nem um aglomerado de contos. Não sou um cara que vivo daquilo que publico. Mas estou ai, fazendo das letras, das palavras portuguesas um exercício sem fim de um amor imenso por despejar nelas todos os meus sentimentos. Apenas constato que são nelas que eu estou, sempre firme e verdadeiro, isso é fato.
Falo de mim, dos meus filhos, da minha família e de tudo que acredito. Falo do amor, do abandono, falo da injustiça.
Faço da palavra o meu segredo. E dos meus segredos, tento fazer poesia. Escriba do nada que sou, faço do ato de escrever a maior conquista de liberdade que alcanço.